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sexta-feira, 22 de março de 2013

BULLYING  –  Essa “brincadeira” é séria!
 
 
“Não nascemos vítimas, mas nos tornamos”
Simone de Beavoir
 
 




Você sobreviveu a um bullying? Traumatizado?
 
Sentiu medo? Indefeso?
 
É difícil pedir ajuda? Insegurança?

 
Ficou em silêncio? Vingar?
 
Deixar a escola? Vergonha?
 
Vontade de morrer? Deprimido?
 
É possível que todos estes questionamentos tenham um “sim” como resposta.
 
O termo Bullying vem do inglês (bully – valentão) e tem sido utilizado para descrever a prática de ações ou atos, caracterizados por um comportamento violento, recorrente e intimidador.
 
O propósito intencional de provocar dor em todas as suas dimensões, seja dor física, psicológica e ou moral é o que norteia o agressor no fenômeno bullying.
 
Este comportamento do agressor é repetitivo, altamente negativo, promovendo uma relação desigual, onde um detém o poder, e o outro é massacrado através da intimidação, do medo, da ridicularização, da ofensa, da difamação e de ataques à integridade física da vítima.
 
Abusos psicológicos do bullying são manifestados através de insultos, verbalizações contra a honra, contra a auto-imagem, rebaixando e ridicularizando aspectos físicos, estéticos, sócio-econômico, familiares, religiosos, de orientação sexual ou qualquer outra característica que alimente o menosprezo do agressor ou grupos de agressores.
 
Agressores assim, podem também ter sofrido o mesmo tipo de abuso e reproduzem estes comportamentos agressivos, destrutivos e auto-destrutivos, numa tentativa frustrada de vingança e reparação.
 
A vítima de bullying poderá desenvolver comportamento de extrema ansiedade e atitudes de auto-extermínio como o suicídio, devido a intensa carga emocional, desproporcional à sua capacidade psíquica.
 
Sinais de alerta devem ser observados como dificuldades psicológicas, marcas físicas de agressão, isolamento, desatenção ou apatia, pessimismo, inquietação, nervosismo, tristeza, queda do rendimento escolar, e sintomas psicossomáticos, como dores de cabeça, diarréias, inapetência, dores no estomago, insônia ou hipersônia entre outros.
 
Bullying acontece em qualquer ambiente ou circustância onde exista interação humana, principalmente em relações diárias e constantes como nas escolas, nas empresas e na vizinhança (comunidades).
 
Essa condição de bullying, onde persiste o ataque, devasta a auto-estima, a confiança nas relações e vínculos humanos, desestruturando a vida psíquica da vítima e tornando-a refém de um contexto específico.
 
A construção da personalidade (temperamento e caráter), especificamente o caráter, com os valores morais, códigos de conduta e de bons costumes de uma geração inteira, poderá se comprometer, se não houver vozes que se levantem para construir medidas educativas eficazes, que visem a dignidade da pessoa humana. É uma questão de saúde pública dos valores éticos, e isto é uma emergência social.
 
Você que foi ou é vitimizado, precisa abrir a sua boca e pedir socorro, não pode se ocultar no silêncio, este sofrimento imposto tem que parar.
 
Para tanto, é necessário o apoio de toda uma comunidade, para o enfrentamento, a denúncia, o esclarecimento, a busca pela proteção para as vítimas, que também necessitam modificar o seu padrão comportamental, através de apoio especializado, seja ele psicológico, médico ou jurídico.
 
É emergente um basta a esse conjunto de violências esculpidas, seja física ou psicológica e para que isto aconteça é necessário coragem para denunciar, pois um estresse crônico devido ao bullying compromete o sistema neuropsicológico de qualquer um a ele submetido.
 
É provável o desencadeamento de ansiedade social, por conta do bullying, desde sudorese, até distúrbios graves de ansiedade como o transtorno do pânico.
 
A psicoterapia de suporte é fundamental, tanto para a vítima, como para o agressor e deve ser implementada, no sentido de assegurar apoio para o tratamento das disfunções e promover o treinamento de atitudes assertivas e saudáveis.
 
Somos todos responsáveis por essa busca e disseminação do respeito às individualidades, diferenças e singularidades de cada um.
 
Somos elos de uma mesma corrente, somos singulares em nossa humanidade, e onde um elo se rompe, ali provavelmente existe dor e sofrimento e você poderá contribuir, educando, aconselhando, informando, acolhendo, prevenindo, identificando, se envolvendo, se comprometendo em realizar a sua parte.
 
Não podemos dizer, isto não é comigo, pois o respeito, a solidariedade e a moral, estes devem ser cultivados como pérolas dentro de nós.
 
Cada cidadão do mundo deve dar a sua contribuição, auxiliando na transformação dos agressores e de suas vítimas.
 
Você também é responsável!
 
 
 
Deijone do Vale
 

Neuropsicóloga
 

quarta-feira, 13 de março de 2013

SUICÍDIO – Uma Vida Interrompida



“Com a ajuda do espinho em meu pé, pulo mais alto do que qualquer um com pés sadios”
Kierkegaard




Você algum dia se perguntou porque as pessoas se matam?
Provavelmente já ouviu histórias trágicas, tristes, comoventes e chocantes.

Tudo isto nos reporta ao sentido da vida e como já disseram outros antes de mim, é preciso realizar  as grandes tarefas existenciais: viver no tempo, viver neste mundo, viver e conviver com outros... e com o radicalmente Outro: DEUS.

É bom quando vivemos em comunhão, é muito bom uma convivência amorosa e como sinalizou tão bem, Martin Buber, este grande pensador de nossa época, basta recordarmos a dimensão hermenêutica da sua obra sobre a Bíblia (traduziu a Bíblia para o alemão), sobre o Judaísmo, o que reforça o conceito de “relação”, o que ocorre entre seres humanos e entre o homem e Deus.

 


Martin Buber em seu livro EU E TU, fundamenta a experiência da responsabilidade como consciência, quando projetamos a nossa subjetividade na objetividade do outro e que por sua vez fundamenta objetivamente a nossa subjetividade.


Então? O que devemos ao outro?

O  termo, a palavra suicídio, vem do latim sui (próprio) e caedere (matar).

Desfontaines em 1737, definiu suicídio como Sui Caedere: matar a sí mesmo, e duzentos e tantos anos depois, especificamente em 1947, Deshaines, conceituou suicídio como a morte intencional de sí mesmo.

Se analisarmos o suicídio pelo paradigma psiquiátrico, poderíamos afirmar que todo sujeito quando suicida, sofre de alguma  enfermidade mental, pelo menos no momento em que comete tal ato.

Suicidou-se por quê?

Da perspectiva do paradigma psicológico, diríamos que fatores de cunho pessoal e motivações personalíssimas, conscientes ou inconscientes, são condições necessárias para o suicídio, assim como personalidades anormais e com temperamento impulsivo.

O que nos  chama a atenção em uma parcela significativa de suicidas  é o que consideramos “Erro Existencial”, que revela a consciência da significação ou direção da vida e consciência do fracasso.

Transtornos mentais e suicídio caminham de mãos dadas. A depressão responde por 50%  dos suicídios, o alcoolismo por 25%, esquizofrenia por 11%, transtornos de personalidade por 9% e sem transtornos mentais 5%.

O comportamento de ideação suicida está associado a uma visão negativista diante das vicissitudes da vida ou da impossibilidade em vislumbrar alternativas para conflitos internos, e a opção pela morte é a resposta do indivíduo.

Se compararmos o perfil  neuropsicológico de indivíduos portadores de Transtorno Limítrofe de Personalidade com os sujeitos que apresentam condutas suicidas  podemos observar uma alta correlação de impulsividade que atuam como marcadores para a predisposição ao suicídio.

Por exemplo, em sujeitos portadores de Personalidade Borderlaine, observa-se uma deterioração neuropsicológica dos domínios cognitivos dorsolateral, prefrontal e orbitofrontal, e estas deteriorações afetam as funções executivas, que por sua vez intervem e desequilibram a tomada de decisões racionais, promovendo rigidez cognitiva e comportamento auto-agressivo, sugerindo assim um substrato neurobiológico.

O dia em que ocorreu o suicídio, provavelmente  algum evento disparou o gatilho para o ato em sí.

É importante alertar sobre  a relação entre índices elevados de suicídio e número de  armas de fogo, ou seja, muitos portadores de armas, maior incidência de suicídios por armas de fogo, assim também fica o alerta para tentativas frustradas de suicídio, que podem ser consideradas um pedido de socorro e também um fator de risco, pois podem tentar novamente.

Quanto aos fatores de risco para o suicídio podemos afirmar que os transtornos psicológicos lideram a lista, em seguida abusos de substâncias como o álcool ou outras drogas, problemas de desestruturação (familiar, amorosa e financeira), poucas amizades, isolamento, planejamento suicída, desemprego, impulsividade, discriminação entre outros, tudo isso poderá provocar pensamentos e atos suicidas.

Segundo os especialistas em Suicidologia a prevenção do suicídio deve ser uma preocupação não apenas dos profissionais ligados a área da saúde, mas de toda a comunidade humana.

A intervenção em momentos críticos da ideação suicida deve promover o acompanhamento psicológico e psiquiátrico, assim como os cuidados da própria família, e até a internação em casos graves.

É importante monitorar as ações do individuo  retirar o acesso a armas de fogo, venenos e outros riscos ambientais.

Necessário se faz o acolhimento, o cuidado e os afetos, pois estas ações farão toda a diferença.

A intervenção é necessária,  é uma emergência, tanto psicológica como farmacológica, conforme o caso em questão.

É preciso coragem para se renovar e não deixar os sonhos se perderem.

É  preciso saber viver!



Deijone do Vale
Neuropsicóloga