“O que vivo ensino...
E o que ensino vivo...”
Deijone do Vale
Sabemos que a humanidade vive momentos de tensões exageradas, talvez superior à capacidade funcional de adaptação do sistema nervoso central, ou seja, uma colisão dos processos físico-químicos, principalmente nos neurotransmissores: serotonina, noradrenalina e dopamina e nos processos psicológicos, gerando uma violência na sua realidade emocional, desestruturando o labirinto de suas defesas neuroquímicas e imunológicas, resultando em uma falência adaptativa tanto a nível fisiológico como emocional.
Enfim, uma somatória de fatores hereditários, congênitos, e que não excluem os fatores psicossociais e ambientais, que se complementam e estão em constante interação, processando nos indivíduos confrontos e crises, não apenas como fator causal, mas uma multiplicidade de interações que finalizam num caleidoscópio sintomático que por sua vez poderá desembocar em uma depressão, sendo comum o aparecimento de episódios de transtorno depressivo, que ocorrem após um estressor psicossocial severo, por exemplo, a violência urbana.
A depressão ocorre quando existe um mau funcionamento da química cerebral, numa associação íntima de sinais físicos e emocionais, que podem ser expressos na tríade: gastrite, dores musculares e enxaqueca.
Detectamos como sintomas emocionais: lentificação do raciocínio, alterações do ciclo cicardiano (dorme muito ou tem insônia), perda ou aumento do apetite, cansaço persistente e pensamentos com ideação suicida.
Depressão é a resultante de uma inibição globalizada do ser, onde o psiquismo está comprometido por pensamentos invasivos, que corroem a nobreza da mente humana: como memória, vontade, emoções, e a criatividade, descontrolando quimicamente o nosso cérebro.
A depressão é uma doença que pode acometer qualquer um de nós e em qualquer idade, uma doença que afeta pensamentos, comportamento, sentimentos e logicamente a saúde.
Ter uma depressão é como caminhar sobre um campo minado, dentro de um vale sombrio, cercado por despenhadeiros e abismos imersos em uma densa névoa, que nos impede de enxergar lá na frente.
A depressão é considerada uma desordem psiquiátrica que tem se tornado extremamente frequente e atinge o organismo no físico, no humor e nos pensamentos, e não aqueles momentos fugazes de angústia e melancolia que acontecem na vida de todos.
A depressão altera a maneira como nos relacionamos e percebemos o mundo, ela modifica a visão de mundo, das coisas à nossa volta e a forma como se manifestam e se expressam nossas emoções, tolhendo nossa disposição e o sentimento de alegria, prazer e sensação de bem estar.
Afeta terrivelmente sua relação consigo mesmo e com as outras pessoas, é uma doença afetiva ou do humor, não é um sinal de fraqueza que é superado através de uma bela viagem ou lugares diferentes, tirando férias ou passeando.
Depressão é uma condição duradoura, acompanhada de alguns fatores genéticos ou biológicos que podem explicar a maior vulnerabilidade de alguns indivíduos na esfera emocional: desânimo, tristeza, desgosto, apatia, medo, insegurança, isolamento, inércia e solidão entre outros.
Na esfera cognitiva o indivíduo passa a acreditar que é o culpado por tudo o que lhe acontece: idéias de inferioridade, autopiedade, indignidade, vergonha, ressentimento, derrotismo, e auto acusação ou “dor moral”, uma indescritível sensação de impotência diante da vida.
Poderíamos dizer que a depressão é um quadro clínico identificado por um conjunto que permeia os processos bio-psico-social e espiritual e poucas experiências são tão dolorosas como a depressão.
Suas causas são multifatoriais, indo do histórico familiar, desde fatores genéticos, constitucionais, neuroquímicos, numa mistura heterogênea dos fatores sociais, psicológicos, ambientais (estresse e estilo de vida), aliados aos acontecimentos vitais: crises do ciclo vital, existencial (separações, divórcios), climatério (crises da meia-idade), crises de identidade, aposentadoria, falta de autonomia (limitações físicas e psicológicas), violência, isolamento, perdas (orgânicas, afetivas e sociais).
Os sintomas fisiológicos incluem a lentificação das atividades físicas e mentais aliados à sentimentos de fracasso e pesar, sensação de desconforto nos batimentos cardíacos, dificuldades de ordem digestivas e gastro-intestinais (constipação ou diarréias), dificuldades digestivas, e dores de cabeça.
O indivíduo perde o interesse em concluir o que inicia, fica irritadiço ou impaciente, não sente que vale a pena viver, chora facilmente e seus pensamentos são de auto-comiseração e desejo de morrer.
É paradoxal alguns sintomas que vão da letargia à inquietação, não conseguem ficar parado e é comum o desenvolvimento de fobias, preocupações somáticas, incapacidade e dificuldades em planejar o futuro e confrontar a própria finitude.
Importante ressaltar que a gravidade e o número destes sintomas variam de indivíduo para indivíduo e na mesma pessoa ao longo do tempo.
Se a culpa é sua? Não, não é, a depressão não ocorre por sua culpa, ela não é uma fraqueza e nem apenas uma sensação de “baixo astral” ou humor rebaixado, ela ocorre mesmo quando tudo parece estar indo muito bem.
Segundo estudos epidemiológicos a prevalência da depressão é maior em mulheres, sendo identificados fatores biológicos, ou seja, que diferem na estrutura e funções cerebrais (neurotransmissores, neuroendócrinos e circadianos), sendo também inegável a importância dos hormônios femininos (progesterona e estrógeno), na gênese dessa possível vulnerabilidade do sexo feminino.
A importância do estrógeno nos ritmos biológicos femininos (menstruação e menopausa), pode desestabilizar ou mesmo sensibilizar os mecanismos neurotransmissores, dos “relógios biológicos” e neuroendócrinos, promovendo vulnerabilidade cerebral devido às flutuações normais dos hormônios, e portanto, provocando transtornos cíclicos do humor.
Sabemos que os estrógenos são encontrados em várias áreas do cérebro e estimulam o crescimento dos processos neuronais e as conexões sinápticas com efeitos positivos sobre volume, conectividade e plasticidade dos neurônios.
Existem fatores de risco para a depressão, como uso de drogas, suporte emocional deficiente por apresentar poucas relações afetivas satisfatórias, baixo suporte social e os abusos físico ou sexual na infância.
O alerta é que busque ajuda, pois é comum as pessoas não procurarem tratamento para sua depressão, principalmente por não conhecerem os sintomas, dificuldades em solicitar ajuda, sentir-se culpadas e mesmo não saberem que existe tratamento.
Um passo significativo é aceitar que se está doente e necessita de suporte, fale com seus familiares e procure o mais rápido possível ajuda especializada.
Existe tratamento sim e o tipo de tratamento depende da intensidade dos sintomas que a doença traz, considerando também o perfil do paciente em termos biológicos, psicológicos e sociais.
O tratamento poderá ser medicamentoso, com anti-depressivos que irão corrigir os desequilíbrios químicos do cérebro, e poderá haver necessidade de suporte psicológico no enfrentamento e na descoberta de novas formas de lidar com os problemas, entender a doença e evitar novas recaídas.
A psicoterapia pode ajudar a falar sobre si, suas relações e seus problemas.
Você poderá se surpreender ao encontrar novas formas de lidar com suas dificuldades.
Procure sair da caverna através da autonomia, da estimulação e para que isto ocorra, é necessário falar, fale sempre, ouça também, peça ajuda médica e psicológica.
Procure realizar alguma atividade física com orientação e tenha contatos sociais, pois estes são fontes de suporte na superação dos sintomas da depressão e aliados para uma melhor qualidade de vida.
Para muitos indivíduos que passam por situações estressantes, a fé é um grande suporte, é uma relação positiva que proporciona bem-estar e valorização da vida.
Bem, quero te dizer que você é como uma pérola valiosa, não importa em que ponto houve interrupção de seus sonhos e projetos, não deixe de comemorar suas pequenas vitórias e o primeiro passo para tratar e vencer a depressão é buscar ajuda.
Movimente-se... movimente-se... movimente-se...fale...fale...fale...não se cale...não se cale...não se cale...
Desabafe com pessoas que tem realmente um vínculo de confiança palpável.
Fale... não guarde! Afinal, a escolha será sempre sua...
Caverna? Morte? Vida plena? Saúde?
Diga para sua alma (mente, vontade e emoções): Desperta ó minha alma!!! Saía da caverna.
Está escrito: ..."no princípio era o Verbo e o Verbo era Deus...”
Deijone do Vale
Neuropsicóloga
Ouça a música: “Esperança” ela alimentará a sua alma...