Páginas

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

TONALIDADE AFETIVA: Amor, uma busca eterna...



Sem pressa. Sem vírgula. Sem ponto final. Sem mágoa. Sem dor. Só amor, por favor.

 
                                                                                       Deijone do Valle




 

Confesso ousadamente que sempre esperei e espero muito do amor...
E você?

Quantos sonhos, idealizações, doces fantasias e esperas eternas? a realidade sempre nos mostra a sua cara austera e legitimamente enigmática.

Ah! o amor... mas o que é mesmo o amor?

É um território desconhecido ou você conhece o caminho?

A essência da vida é o amor, e que atua nas fronteiras de nossa psiquê e nos transforma.

Comparo o amor com a primavera. É primavera! Primavera do amor e das estações.

Vivemos em constantes mutações, contradições e travessias infindáveis.
Dentro de você é primavera também?

Primavera colorida, doce, perfumada e florida... a primavera é assim, nos deixa com a alma leve e renovada, acredito que a primavera é a estação dos amores, dos lábios que se  devoram, do riso contagioso, dos beija-flores, do sol, do girassol, do bem-te-vi, do...
E nessa manhã ensolarada, estou a pescar sonhos dentro de mim e trazê-los à vida...

Na mitologia grega, Eros, era considerado o deus do amor, filho de Afrodite, retratado como um inocente anjinho mimado, de cabelos louros, simbolizando a eterna juventude, uma figura mitológica que personifica o amor, sempre com seu arco e flecha envenenados, e tendo como alvo o coração dos humanos e dos deuses.

A flecha do cupido quando nos atinge, afundamos como em areia movediça, mergulhamos além da superfície e muitas vezes nos afogamos nas próprias lágrimas.

Somente os apaixonados sabem do vendaval de emoções incorporados ao amor: tormentas, esperas, ciúmes, e loucuras jogadas aos quatro ventos.

Biblicamente o amor é comparado como sendo melhor do que o vinho, doce ao paladar, totalmente desejável, perturbador, formidável, puro, forte como a morte e arrebatador.

Que delícia: “mel e leite se acham debaixo da tua língua”... “arrebataste-me o coração com um só dos teus olhares”... “jardim fechado, manancial recluso, fonte selada, poço de águas vivas, mas o ciúme é duro como a sepultura”... (Cântico dos Cânticos 4:11-13).

Amor, essa montanha russa emocional que nos tira o fôlego, arrebata a alma e faz uma tremenda ciranda em nossa atividade cerebral, uma verdadeira farra com a substância dopamina, inundando o cérebro com uma sensação de bem estar e prazer, cuja atividade é justamente acalmar as necessidades biológicas através dos processos neuronais, elevando a concentração dos neurotransmissores no sistema límbico, e acionando incessantemente o sistema de recompensa.

Assim, com os mecanismos psíquicos e cerebrais ativados em alta rotatividade, nos sentimos voláteis e flutuamos como flocos de algodão, mas basta sermos abandonados, é acionado um “curto-circuito” neuronal e mostraremos de imediato nossa frustração da expectativa não correspondida e aí tudo pode acontecer: agressão, depressão com matizes afetivas variadas, indo do desprezo ao ódio declarado. Incrível, não?

Temos muito que aprender, e segundo a Bíblia o amor é um dom supremo, o amor é paciente, é benigno, não se ressente do mal, não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade; o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, o amor jamais acaba e sem amor nada seriamos.(Coríntios 13:4).

Qual é a sua tonalidade afetiva? 

Tudo conspira, o corpo, a alma e espírito, todos envolvidos nessa emoção espetacularmente humana e divina.

Visualmente imagino o amor como uma taça de champagne borbulhante, formada por reações viscerais, motoras, neuronais, hormonais, psicológicas, emocionais, culturais e espirituais e que atuam diretamente no sistema límbico, esse centro extraordinário que de certa forma é o responsável por metabolizar nossas emoções, com suas  complexas estruturas fisiológicas (giro cingulado, septium, bulbo olfativo, amígdala, corpo mamilar, hipocampo e fornix), onde os hormônios são liberados e caem na corrente sanguínea potencializando seus efeitos no SNC (Sistema Nervoso Central), dando uma boa acelerada nos batimentos cardíacos e promovendo aquela sensação gostosa no peito, uma espécie de euforia e prazer, tão comum nos apaixonados.

O sistema límbico, turbina e reforça os vínculos afetivos, gerando intimidade no casal de apaixonados, e fazendo com que as reações experimentadas em nome do amor, modifique radicalmente a bioquímica cerebral e corporal, provocando significativas alterações no humor, na memória, nos pensamentos e no organismo como um todo.

Apaixone-se, é uma doce viagem para além da alma, uma combinação explosiva de arrepios e calmaria, de luzes e sombras, de fogo e cinza, de fertilidade e caos, de loucura e consciência, de sorrisos e lágrimas, esse amor que sincroniza as batidas do nosso coração com o coração do outro: Tum... Tum... tum... tum...

Basta olharmos diretamente nos olhos do amado por alguns minutos, que isso afeta o cérebro e nos acalma como um potente analgésico, e se abraçarmos aí cura até dores de cabeça, não acredita?  Experimente!

E se o seu amado está longe de você, vale olhar a fotografia, que de certa forma aliviará a sua dor, seja física ou emocional.

Aquela velha estória de que os olhos são espelhos da alma é verdadeira, então não fique surpreso se você se apaixonar ao olhar nos olhos de alguém, pode ser que nesse  exato instante a flecha do cupido foi mergulhada em uma substância chamada feniletilamina, conhecida como o hormônio da paixão,  esse neurotransmissor pode desencadear sensações fisiológicas desde a famosa mão suada, palpitações e respiração  ofegante, é uma combustão química e certamente vai atingir de cheio o seu coração, fazendo-o mergulhar nas raias da paixão.

Em contrapartida temos as dores de amor. Você já ouviu falar na “Síndrome do Coração Partido? pois é isso mesmo, um sofrimento emocional grandioso poderá liberar substâncias cerebrais que enfraquece o coração e provoca dor no peito, no entanto, quando se segura à mão do amado, isso ajuda a aliviar a dor e o estresse.

Um coração “quebrado” revela uma dor psicológica associada a perdas e que poderá ocasionar uma patologia conhecida por “Cardiomiopatia Takotsubo”, ou Síndrome do Coração Partido, que é o enfraquecimento da musculatura do coração devido à produção de substâncias nocivas pelo cérebro, apresentando quadro clínico similar ao infarto agudo do miocárdio, os quais foram desencadeadas por conflitos psíquicos.

Nosso ego é uma espécie de espelho no qual a psiquê pode se ver, e tornar consciente de suas verdades, medos, uma vez que esse ego funciona como um agente individualizante da consciência humana, então fique sempre alerta àquilo que modifica  seu humor, para assim decidir assertivamente suas escolhas, sem se perder em doses elevadas de ansiedade.

Isso me faz pensar em montanhas, que são símbolo de força e poder: “firme como uma rocha”. Montanhas são arquétipos que nos induz à ascensão espiritual, à firmeza, impassibilidade e refúgio.

Faça o seguinte exercício: “Suba até uma montanha e contemple lá de cima, você terá uma perspectiva extraordinária, talvez essa experiência de subir a montanha e contemplar o infinito lá do alto, possa  fazer você dimensionar a sua capacidade de amar e de se doar. Experimente!

Quero ainda te dizer que o amor é a maior emoção humana que podemos experimentar e que não existem motivos para amar, segurar na mão e dançar, basta estar vivo.

Encerro esse texto, mas o amor é infinito. E uma vez mais cito a Bíblia, essa fonte inesgotável de amor: “Leva-me a sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim é o amor”.

“Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu”.

Além da química entre os apaixonados deve existir mais, muito mais entre o céu e a terra...

“Vem depressa amado meu!”... (Cântico dos Cânticos).

Deijone do Valle
Neuropsicóloga