‘Senhor Deus, dá-nos a paz, uma paz que não conheça ocaso;
Para Ti nos criastes, nosso coração é impaciente enquanto não repousa em ti.”
(As Confissões de Santo Agostinho – Livro I, 11 – Livro XIII,35.50)
A vida é uma aventura incrível, todos os dias temos a
possibilidade de fazer escolhas e mergulhar fundo em novos conhecimentos, ou
escondermos em uma zona de conforto e permanecer na superfície ou à margem da
existência.
Com isso em mente, vamos dar uma espiada em nossas vivências
e caminhar pelos corredores de nossas memórias, sonhos, projetos, e quem sabe
ampliar o leque de valores e crenças que moldaram e deram escopo ao mundo
interno que construímos ao longo da existência, mas que pode e deve ser
transformado, agregando novas estruturas e desafios.
Estamos fechando um ciclo de tempo, o ano de 2019 está
chegando ao término e certamente outros ciclos de nossa vida também estão sendo
concluídos, encerrados ou iniciados.
Existe uma linha invisível que liga nosso passado ao
presente, e este ao futuro, de uma maneira formidável, mas que não poderá ser
explicado, meramente, por uma condição de causa e efeito.
Nossa história de vida, revela espaços intermediários que
estão no inconsciente, mas que merecem ser decifrados, investigados com um
exercício vigoroso, e dar uma sacudidela
na inércia, na procrastinação ou qualquer outro mecanismo de defesa do ego, que
trava a vida e impede a decodificação daquilo que perdemos e pelo qual nos
martirizamos através da culpa e do remorso, tornando-nos amargos e ansiosos, ao
ponto de gerarmos doenças psicossomáticas, porque encarceramos nossa alma em alguma porão sombrio do nosso corpo.
Levantamos paredes à nossa volta, nos blindamos do outro sem
mais, nem porquê, criamos fantasmas espetaculares que nos assombram a cada
instante.
Ruminamos o passado que não podemos mudar e este nos impede
de degustarmos saudavelmente o aqui e agora, e nos relacionarmos pacificamente
com aqueles que nos feriram.
O bálsamo para o passado sempre será o perdão, e se
tropeçamos e caímos, é certo que também podemos nos reerguer, levantar,
equilibrar e até dançar novos passos criativos.
O importante é cultivar a leveza ao explorar nossa
consciência, pois esta é espiritual e como uma “cebola”, ir delicadamente,
sutilmente retirando as camadas, e percebendo como foi o cultivo e como está
sendo a colheita, dizem até que o cultivo é opcional, mas a colheita é
obrigatória, mas digo mais, essa colheita pode ser melhorada e utilizada para o
crescimento interior, vai depender da disponibilidade interna, e do desejo
legítimo de fazer o melhor.
Podemos renovar a colheita, através de atitudes como a
compaixão, a misericórdia, o amor, e os atos que demonstram que em tempos de
guerra, não desperdiçamos nada, um aprendizado, um olhar mais acurado, uma
cura, tudo pode ser conquistado quando temos uma visão ampliada.
Seja ousado, abra suas asas, alargue as fronteiras de seus
sonhos, voe bem alto, junto as estrelas.
Confie naquilo que deseja, mesmo que caminhe entre vales e
montanhas, que sempre são lugares de solidão e provas, certamente você nasceu
para brilhar, não se intimide, tenha coragem, corra os riscos necessários e
treine suas asas para as demandas desfavoráveis, como tempestades, raios e
trovões.
A boa notícia, é que a força está dentro de você, na beleza e
nobreza de sua alma, e digo mais, vai depender também da sua fé. A fé é um
termômetro do espírito, independe da lógica humana, pois bênçãos existem e
milagres também, então levante-se e batalhe, ajoelhe-se e ore.
A sua mente necessita de paz e alegria, isso pode ser
conquistado por uma vida de oração.
Oração é um estilo de vida, priorize Deus, e que Ele esteja
sempre vivo em seu coração, mas é necessário confiar, pois às vezes, ao sermos
levados ao deserto uma nova história será escrita.
O tempo é um grande teste em nossas vidas, e não gostamos de
esperar, mas, as urgências do nosso coração, necessita se aquietar para
seguirmos em frente e avante.
Pare de se vitimizar, seja um guerreiro valoroso, batalhe por
um sorriso e não permita que suas forças sejam minadas pela desesperança.
Tenha consciência de sua posição, pois a consciência é o DNA
de sua humanidade, não importa se você é um afegão ou um americano, sua
consciência é o símbolo divino da raça humana, mesmo que nossos padrões
comportamentais e culturais sejam extremamente diferentes,
Nossos momentos emocionais são autenticados por
acontecimentos universais: nascimento X morte; casamento X solidão; profissão X
arte; juventude X envelhecimento; nossa humanidade se regozija ou chora
igualmente diante dessas equações de vida, no entanto à medida que amadurecemos
essas equações de vida ganham novo colorido, mas as vezes será necessário um processo de
reestruturação interna, o que exige um “quantum de energia” para ativar forças
inconscientes e alavancar e dar suporte mental ás demandas circunstanciais.
Relacionamentos afetivos, escolha de um parceiro para o
casamento, são campos minados, que nos despertam para o questionamento e
reflexões, tipo... e se... e se tivesse sido assim... e se... e se... e se
tivesse agido assim... essas ações consumadas no tempo e espaço, representam o
pesadelo de uma vida inteira e que simbolicamente é o nosso “tendão de
Áquiles””, que nos fragiliza e nos faz vulneráveis à inveja, o ciúme, a raiva,
ao ressentimento e arrependimentos.
Entender nossos dramas, tragédias e comédias pessoais, é
esclarecedor, analisá-los à luz da maturidade e do bom senso, poderá nos levar
a descobertas elucidativas, um caminho que se descortina com eventos
sincrônicos e com conexões mantidas ao longo da vida com pessoas e coisas.
A grande maioria desses eventos e conexões podem estar
carregados emocionalmente e cristalizados em nossas mentes, impedindo novos
acontecimentos, novas emoções e novas experiências.
A possibilidade e equalização ocorre quando nos permitimos
confrontar esses sentimentos enraizados à luz do mundo atemporal e diluir os
recalques, possibilitando uma abertura na alma (mente, vontade e emoções), que
nos conecta ao invisível e nos posiciona em uma direção assertiva, resgatando o
equilíbrio emocional.
Em geral a descoberta faz referência direta ao amor, pois o
amor é o alimento da alma, que energiza o espírito através da sensação de
plenitude.
Crianças que foram privadas desse amor que acolhe, cuida,
ensina, educam crescem com uma ânsia desesperadora pela busca do amor e busca
através de drogas, brigas, assaltos e qualquer outra coisa que as faça
confirmar a sua posição de existência e pertença.
O amor fortalece nossas emoções positivas e proporciona um
sentimento de aceitação, por isso o amor humano é imprescindível, mas o amor de
Deus é aquele que verdadeiramente alimenta o Espírito (consciência, intuição e
comunhão), do homem com a centelha divina para sermos inteiros e triunos:
corpo, alma e espírito.
Necessitamos do amor de Deus, esse amor incondicional que nos
regenera, não importando com o quanto fomos quebrados e fragmentados e o quanto
de nossas vidas que foram destroçadas.
Afirmo sem medo de errar O amor de Deus é o único que pode
curar perfeitamente, almas sem viço, espírito e corpo profundamente feridos e
que a psicologia, a medicina, a filosofia, a sociologia, não puderam fazer, o
amor de Deus pode, quando se experimenta esse amor através da fé.
O Deus do impossível, Ele é especialista em reconstrução, e
nos devolve a inteireza, nos faz novos outra vez, transformados, e nos dá a
completude.
A fé nos dá esperança, mas é necessário deixar de chocar as
aflições, o seu coração deve entrar no descanso de Deus e não nas urgências de
sua alma.
Seja dócil com você e com aqueles à sua volta, seja um
mensageiro da paz.
A nossa humanidade só
encontra a completude na esfera espiritual, que é uma experiência
transformadora.
A minha oração hoje por você é que a perfeita vontade de Deus
se cumpra em sua vida, em nome de Jesus. Amém!
Deijone do Valle
Neuropsicóloga