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domingo, 10 de novembro de 2013

O CHEIRO DAS MANDRÁGORAS: a onde foi o amor?




Para você,
 Que me disse que os dragões não existiam, e depois me levou até suas tocas...

Mandrágoras? Sim, mandrágoras... uma planta fascinante e que desperta o meu imaginário.

Sempre me surpreendeu as citações bíblicas sobre as mandrágoras nos Livros de Gênesis  (30:15) e em Cantares (7:13).

Que coisa! Trocar mandrágoras por uma noite com Jacó... Léia e Raquel...  esposas...

Para que serviriam as mandrágoras para Raquel?
Abdicou-se de seu direito daquela noite com Jacó e trocou-a pelas Mandrágoras de Léia...

A onde foi o amor?

O nome hebraico para mandrágoras é “dudhaim”, formado pela mesma raiz da palavra hebraica: amor...

Bem, mandrágoras são plantas originárias da região do Mediterrâneo e são-lhes atribuídas propriedades medicinais.

Consideradas afrodisíacas, algo que restaura ou excita a energia sexual, é também alucinógena, pois provoca falsas percepções, ilusões e fantasias.

Dizem que mandrágoras tem efeito analgésico, produzindo analgesia, suprimindo a dor.

Será que Raquel sentia dor? Ou só queria gerar filhos?
Mandrágoras... tem  propriedade narcótica, produz narcose, induzindo ao sono e ao relaxamento muscular.

Uma planta no mínimo fantástica: afrodisíaca, analgésica, alucinógena e narcótica.

Imagino que sua citação no Livro de Cantares refere ao seu perfume, um odor inconfundível e talvez pela sua raridade.

Certamente receber Mandrágoras expressasse uma declaração de amor, da nossa versão moderna de oferecer rosas vermelhas para quem amamos.

Que planta é essa que despertaria tanto desejo em Raquel ao ponto de negociar uma noite com Jacó?

Suas citações nos textos bíblicos estão relacionadas, à romance, fecundidade e paixão.

Será? Shakespeare também a citou em Romeu e Julieta. É o narcótico bebido por Julieta...  esta ficou como morta...

Como será o cheiro das Mandrágoras? A onde está o amor?

E quando o assunto é sexo e amor,  pode apostar, outros fatores invadem o contexto e ganham contornos astronômicos, triplicando preconceitos e outras normativas que regem este reino.

Já viu coisa mais cruel: desejar algo, mas não suportar aceitar esse desejo? É o limite dos limites,  o preconceito consigo mesmo.  Auto-imposição?

Pense... Viver a vida com o pesado fardo da autocrítica, remoendo conflitos que bloqueiam o querer e congelam sentimentos.

Quer saber mesmo? Se você se perguntar se vai dar com os burros n’água, por exemplo, ao se apaixonar por alguém bem mais jovem, a resposta é: certamente!

Por quê? Porque relacionamento é algo que pode ser horrível ou muitíssimo bom, não é necessariamente a idade cronológica dos parceiros, é muito mais, é a maturidade dos envolvidos.

A vida não é uma equação perfeita e nem dá para ter garantias exatas, ou matematicamente calculada.

E se você se apaixonar por alguém cujas características esbarram em seus preconceitos?

Aí está uma excelente oportunidade de resolver suas dúvidas, que por sua vez, se contrapõe às regras, tabus, métodos, repressões, algemas e outras prisões.

Possivelmente, você irá se abrir para o surpreendente.
Logicamente, não iremos ignorar intuições e percepções sobre o outro, como irresponsabilidades, falhas morais e de caráter, ou qualquer constatação desfavorável que comprometa a essência, mais isso nada tem a ver com cronologia, afinal alguém já afirmou: “amor não tem cor e nem idade”.

Você é refém do tempo?  Medo de se arriscar? É... brincar com facas pode ser perigoso.

Reavalie suas crenças e não fique paralisado, você pode fugir sim, mas se decidir pagar para ver,  correrá um sério risco, o de ser tremendamente feliz.
Você é livre para pensar e sentir?

Cuide  de seus pensamentos, eles determinam registros de memória e alicerçam as bases de sua personalidade.

Nossos transtornos emocionais, nossas rejeições, perdas, conflitos, estresse, frustrações, são zonas de tensão que bloqueiam e aprisionam nossas emoções.
Quantos registros doentios ficaram em nossa memória emocional?

Quantas algemas estão cravadas em nossa alma? Culpa? Vergonha? Raiva? Medo? Insegurança? Ansiedade? Revolta?

São nossas emoções encarceradas em algum porão sombrio da mente.

Construímos muralhas psíquicas em lugares inacessíveis e reprimimos nossas vontades.

Condensamos em nosso mundo interno, momentos de des-continuidade, reproduzindo um conformismo pesado.

No entanto, a nossa imaginação é capaz de atravessar qualquer prisão, e a face humana revelar muito mais do que é possível tentar esconder.

Escolha! Um carrasco interno?  Ou liberdade?  

Quem  somos?  Quem  queremos ser? Com quem andamos? Qual é a oportunidade de hoje?  Superação?

Para você alguém é um fracasso quando... e  aí?
Como disse Charles Spurgeon:: “Não sejas todo açúcar, pois o mundo te tragaria; não sejas todo vinagre, pois o mundo te vomitaria”

Ser como as  mandrágoras: adormecer, fazer sonhar, relaxar, acalmar a dor e por fim revigorar.

É interessante observar como o amor e o desejo sexual ativam áreas específicas do nosso cérebro, particularmente a ínsula.

Ocorrem mudanças na bioquímica cerebral, desde que olhamos para quem gostamos, nos aproximamos, sentimos o cheiro e até nos conectamos com indivíduos que possuem uma identidade imunológica parecida com a nossa.

Viver um grande amor para sempre, é a suprema graça. Um amor “ad eternum”.

Pesquisas das neurociências revelam uma espécie de “mapa amoroso” em nosso cérebro, idêntico aos dos arganazes e cisnes que mantêm os mesmos parceiros por toda a vida. O  problema é que são poucos a encontrar tal mapa.

Claro que cultivar uma paixão saudável depende também de outros fatores, como a capacidade dos parceiros se olharem “olhos nos olhos”, cultivar o bom humor, e perdoar.

Perdoar? Sempre...  absolutamente perdoar.
E nada de relativizar as dificuldades, mas manter uma disposição mental de total comprometimento com o outro.

Apaixonados liberam maiores quantidades de dopamina que ativam os centros de recompensa dos circuitos neurais, produzindo prazer, uma sensação fisiológica inconfundível de satisfação e plenitude emocional.

E finalmente, não vemos o que vemos, vemos o que somos:  é por isso que o teu amor me fascina!


Deijone do Vale
Neuropsicóloga

9 comentários:

  1. Dentro de nós existe mandrágoras escondidas querendo se revelar... Quando estamos apaixonadas revelamos mistérios escondidos expulsamos as mandrágoras que existe dentro de nós... Entramos na caverna dos dragões sem medo... e na toca dos dragões enfrentamos nossos medos e temores, somos atraídas até a sua toca pelo perfume das mandrágoras. Parabéns!!! A cada texto seu fazemos uma viagem em nosso interior... Renata Grazielly

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  2. Nós enquanto seres soiciais que somos necessitamos desfrutar dos melhores sentimentos da vida, tal como o amor e o prazer. Entretanto, valores, regras e tabus construídos na sociedade, podem impedir com que os indivíduos desfrutem das mandrágoras que habitam nosso mundo interior.

    Nonato Beckman
    Mestre em Sociologia

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  3. Tem coisas que nos entorpecem a alma e o amor e uma delas mais quando ele e proibido nos enloquece!
    e para não perdermos a a razão fugimos de varias formas, tudo e fuga.
    Ass.: anjo

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    1. Também fujo, mas sempre sou vencida por um amor im(possível) e às vezes vejo o meu desespero como um sintoma da minha humanidade decaída e alheia ao Criador...
      Um abraço,
      Deijone do Vale

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  4. bom, bom demais da conta.

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  5. ola madona......belo texto!

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  6. Parabéns minha cara Drª Deijone Vale de Deus.
    Muito didático, emocionante e ao mesmo revelador. Aprendi e descobri coisas. Valeu!

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  7. Parabéns! Gostei demais!!!

    Walmira Andrade

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