“Como os homens são
belos! Admirável mundo novo que tem tais habitantes!”
William Shakespeare – A
Tempestade.
Sempre gostei de Shakespeare pela sua capacidade de
compreender e expressar a natureza das paixões humanas, observador agudo das
forças obscuras que os humanos exprimem através do ódio, traições e também da
beleza, do amor cantado em prosa e verso.
Nascemos, desenvolvemos doenças, sofremos e por fim morremos.
Dor e sofrimento se mesclam diante da morte, diante das doenças das quais a
carne humana é herdeira. O que dizer, então das doenças mentais, principalmente que
são fonte de estigmas, mal compreendidas, pouco sabemos sobre elas e menos
ainda o que fazer.
Todos conhecemos alguém com Depressão, Esquizofrenia, Mal de
Alzheimer e estas são assustadoras, pois afetam o cérebro e consequentemente o
seu produto, a mente.
As doenças mentais são aqueles monstros que tememos enfrentar,
preferimos fingir que elas não existem.
A boa notícia é que há esperança, existe esperança para a
doença mental que afeta pessoas comuns como você e eu.
Existem atualmente medicamentos que oferece bons resultados e
a psicoterapia também tem um papel de relevância no tratamento, e ambos
(fármacos e psicoterapia), afetam as funções da mente e consequentemente do
cérebro, este “computador vivo”, poderoso que todos os humanos carregam sobre
seus ombros pela vida toda.
O nosso cérebro pesa
pouco mais de um quilo e recebemos apenas um, mas é maravilhoso.
Forma e função (cérebro e mente), pensar e sentir, e o que
dizer do nosso sistema de comunicação, da fala, da memória, do riso e este é
singularmente humano.
Hipócrates o pai da medicina expressou tão bem: “Os homens
devem saber que do cérebro e apenas do cérebro, nascem nossos prazeres,
alegrias, risos e gracejos, assim como nossas tristezas, dores, mágoas e
temores. Por meio dele, em particular, pensamos, vemos ouvimos...”
O que nos
define como seres humanos está na essência do nosso cérebro, compreendê-lo é
compreender a nós mesmos.
Quando decidi ser psicóloga na década de 1980, o que me
motivou foi o desejo de entender as doenças mentais como a esquizofrenia, as
demências e a depressão, por serem tão desafiadoras.
A alguns anos atrás
ser portador de doença mental era como colecionar esqueletos escondidos no baú.
Ainda hoje é necessário combater essa compreensão errônea das
doenças mentais, acabar com o estigma, afinal estamos na era do genoma, é tempo
de mudança, é tempo de ampliarmos a nossa visão, é tempo de tornar esse mundo
um lugar melhor para se viver.
Admirável mundo novo!
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