“Um abismo chama outro
abismo ao rugir das tuas cachoeiras, todas as tuas ondas e vagalhões se
abateram sobre mim”. (Salmos 42:7 -9)
Depressão... quantos nomes para essa desconstrutora de mentes,
alguém já disse que tinha um ‘’cachorro negro” que o acompanhava como uma
sombra, ou o “demônio da meia noite”, que veio assombrar os porões da alma, ou
mesmo o “mal do século” que devassa a vida de milhões e acomete pessoas
indistintamente, crianças, jovens e idosos.
Segundo o relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde) a
depressão apresenta uma expectativa sombria, prevendo que será uma das principais
causas da baixa produtividade ao redor do mundo a partir de 2020.
Quanto às causas da depressão, não podemos negar a predisposição
genética, assim como os estressores psicossociais que funcionam como gatilhos
importantes, sejam perdas, luto, aposentadoria, divórcio, vergonha extrema,
entre outros.
Considero a depressão um momento de solidão extrema, onde o
abatimento da alma é notório, um coração quebrado, uma mente povoada por emoções
negativistas e instáveis, um vazio existencial acompanhado da desesperança, um
grito preso na garganta, um gemido reprimido a anunciar a dor fantasmagórica do
“eu”.
A depressão é uma batalha feroz que destroça a energia vital
e suprime a vontade de viver, amortecendo o brilho dos olhos, esgotando todas
as possibilidades do fluir da vida, sendo caracterizada por um estado mórbido
de lentificação do corpo e seus movimentos, uma estranheza nas emoções e percepções
que se mostram imperfeitas e extravagantes, resultando em uma incapacidade de reação
aos pensamentos invasivos de ruína, idéias fixas de fracasso, descontentamento
e morte.
Um emaranhado de distúrbios psico afetivos, blindados de uma
tonalidade aflitiva, um combate de vontades entre o querer e o fazer, entre
pensamentos e ações, uma verdadeira guerra do “eu”.
O mundo externo torna-se assustador e inóspito devido a percepção
falha e defeituosa da pessoa deprimida, que se sente impotente diante das
demandas naturais da vida.
A vida se transmuta em um fardo de peso incalculável, levando
a um quadro psicológico de fracasso, fragilizado o ego e bombardeando a auto
estima, promovendo abatimento e isolamento, estreitando sobremaneira o círculo
de contatos e interesses.
Estes estados angustiosos do querer e da vontade minam o
organismo, desencadeando episódios severos de insônia ou hipersonia, suprimindo
o campo de atuação social e profissional, invalidando a estrutura emocional que
se desorganiza e entra em colapso, devido ações neurotizadas de um
comportamento ácido sobre sí mesmo, o que resulta em um distanciamento das
pessoas, acentuando os sentimentos de culpa e vergonha.
Podem apresentam sintomas hipocondríacos, manifestados por humor irritável, o mundo fica caótico, e assim sentem dores difusas e imprecisas em seus corpos, sentem vontade de dormir e nunca acordar, o que de certa forma explica o isolamento e a falta de interesse pelas realidades cotidianas.
Podem apresentam sintomas hipocondríacos, manifestados por humor irritável, o mundo fica caótico, e assim sentem dores difusas e imprecisas em seus corpos, sentem vontade de dormir e nunca acordar, o que de certa forma explica o isolamento e a falta de interesse pelas realidades cotidianas.
Tornam-se poliqueixosos, ou enclausurados em sua dor,
vivenciando um caos interno que impacta notadamente o convívio entre seus
pares.
Pessoas muito deprimidas requerem vigilância constante, e por
ansiarem a morte, exibem reações emocionais de intenso colorido destrutivo,
seja através das verbalizações, seja pela prostração.
É comum a sensação de nulidade, uma vez que a depressão
esvazia a alma da capacidade de dar e receber afeto, anestesiando os vínculos
de amizade, companheirismo, amortecendo ou mesmo suprimindo a maior força
motivadora do universo: a capacidade de demostrar amor e de ser amado.
O mundo é visto sob o prisma da agonia, numa visão de pessimismo
que corrói a alma como a ferrugem, invalidando a vida.
Atrofia-se a vontade e a dor se torna viciante.
Pessoas deprimidas ficam apáticas, manifestando comportamento
misantropo, as vezes nem conseguem tomar banho, escovar os dentes, se alimentar
e mesmo pentear os cabelos, os pensamentos tornam-se repetitivos, com idéias
fixas e perturbadoras.
É importante observarmos a depressão em crianças, pois estas
geralmente desenvolvem “fobia escolar’’ e sérios sentimentos de culpa e
irritabilidade, aliados a bruscas mudanças na cognição (memória, atenção e concentração),
com prejuízo para o sono que poderá estar alterado, não dormir, ou apresentar
vários despertares, e também observar as alterações na área da fisiologia, onde
poderá ocorrer transtornos alimentares que podem variar da anorexia à bulimia,
ou compulsão alimentar (hiperfagia compulsiva).
Estamos no mês de Setembro/2019 – Setembro Amarelo, mês
escolhido para a prevenção do suicídio, esse silêncio “gritante”, onde se faz
necessário a empatia, a compaixão e prestação de ajuda aqueles que querem
deixar a vida para fugir da dor.
Alertamos sobre os sinais que podem levar ao suicídio:
depressão, alterações do humor, conversas referindo apenas ao passado, falsas
calmarias, silêncios estranhos.
Pessoas deprimidas podem se tornar suicidas em potencial, é
uma ação impulsiva daqueles que desejam anular sua dor, mas a verdade é que
certamente existe uma perturbação na mente daqueles que cogita o suicídio.
Quem sabe um sentimento latente de culpa e vergonha, e que
pode ocasionar uma auto avaliação punitiva e negativista das pulsões de vida,
desestabilizando o psiquismo e fragmentando a mente entre o mundo interno e
externo, impondo um isolamento compulsório que bloqueia a vida.
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, foi magistral quando
comparou a depressão ao luto: “Luto é uma dor por uma perda externa, e a
depressão é a dor por uma perda interna (perda do “eu”).
Corpo e mente, essa unidade indivisível, degladiam- se em desespero, diante de um falso silêncio que arrasta estrondosamente
seus pés de chumbo, pisoteando a razão e desafiando os limites da lógica, numa
tentativa frustrada em elaborar algum processo adaptativo para suportar a cruel
realidade, orquestrada por uma marcha fúnebre nesse duelo de gigantes: Vida e
Morte.
O suicídio é um fenômeno intencional, sendo enorme a sua correlação com a depressão, como
fator de risco, devido ao sentimento de falência emocional, vergonha, solidão e
um elevado grau de ambivalência, impotência e perda da esperança.
A mente é inundada pelo desejo da morte como término do
sofrimento, e quando o suicídio acontece, ele esmaga à todos , e é forte seu
impacto, sendo considerado uma das maiores tragédias humanas, e que provavelmente
irá nos assombrar ‘’ad eternum”.
O suicídio é visto como um fracasso emocional e responde pela
tentativa de eliminar a dor, transformando-se em seu próprio carrasco para a solução
final.
Fico questionando, se o suicídio não seria uma espécie de vingança
inconsciente ou mesmo consciente contra os vivos, contra aqueles que ficam.
Sentimentos destrutivos de culpa são muito comuns nos familiares,
amigos e pessoas do convívio do suicida, que sentem-se profundamente marcados
pela culpa e dor, e muitos vivenciam um luto devastador, de uma angústia
incalculável, desenvolvendo mecanismos de defesa como a “negação” e a “culpa
patológica” pela consumação da vida, e graves problemas emocionais, pois
a vida se torna intragável pela sensação de impotência, sendo necessário ajuda
psicológica, através da psicoterapia e dos grupos de acolhimento para dar
suporte ao impacto do suicídio que modifica toda uma história de vida.
Urgente se faz o resgate de coisas que são fortemente
abaladas ou destruídas, é necessário encontrar um novo significado para a
reconstrução interna.
Quanto aos aspectos preventivos e curativos da depressão, a medicação muitas
vezes é necessária, considerando os aspectos orgânicos e genéticos da doença, e
também a psicoterapia para uma suporte emocional consistente, a fim de
propiciar momentos catárticos para alívio das defesas reprimidas e melhoria da
organização da estrutura emocional.
Pessoas deprimidas em uso de medicação devem ser acompanhadas
de perto, principalmente em períodos de remissão dos sintomas, pois a depressão
é uma doença de ciclos, melhora aqui, piora acolá, e de repente tudo fica negro,
e o suicídio é uma possibilidade que não podemos ignorar.
O sol da vida poderá voltar a brilhar e para isso as
atividades físicas contribuem favoravelmente e podem ajudar a modificar e
alavancar as taxas de endorfinas na
corrente sanguínea, melhorando as sensações de bem estar físico e mental.
A inércia e o sedentarismo devem ser combatidos, através de
pequenas caminhadas diárias, não permitindo que a ociosidade e a imobilidade
sejam as vencedoras, pois a tendência comum em indivíduos deprimidos é ficarem afundados
no túnel escuro e escondidos nas sombras de sua dor.
A avaliação nutricional poderá contribuir para o aumento dos
níveis de triptofano (aminoácidos de síntese da serotonina (hormônio do prazer),
que poderá ser encontrado em uma pequena barra de chocolate amargo, em
alimentos como o abacate, nozes, banana verde (biomassa de banana verde cozida com casca, na panela de pressão, e depois ainda quente descascadas e
liquidificadas no liquidificador, esta polpa pode ser congelada em pequenas
porções e utilizada em sucos, cremes, sopas, peixes, ensopados, etc).
E por fim quero abordar a questão da fé, e ao adentrarmos a
esfera do espiritual, não podemos deixar de lembrar que somos corpo, alma e
espírito.
Depressão exige fé, e esta precisa ser renovada através do
amor de Deus, pois sem o exercício da fé, a depressão poderá se tornar um
gigante em nossas vidas.
A fé necessita ser restaurada em sua vida, acredite, você é
uma obra prima do criador, e nesses tempos de gemidos, dores e desafios, não
podemos nos esquecer do amor de Deus por nós.
Guardamos todas as experiências dentro da alma (mente, vontade
e emoções), e com as lentes da misericórdia e do amor de Deus, te convido agora
ao exercício do perdão.
Perdoe a todos que te feriram e principalmente perdoe a você
mesmo, limpe todas as suas feridas com o óleo do perdão.
Cure-se!
A minha oração hoje por você é que encontre o verdadeiro
sentido da vida através do amor de Deus.
Deixe-se ser encontrado pela graça de DEUS.
Deixe-se ser encontrado pela graça de DEUS.
Todo dia é dia de recomeçar.
Cristo é a plenitude e a alegria de toda a terra.
Amém!
Deijone do Valle
Neuropsicóloga
great writer
ResponderExcluirThanks my dear friend.You will always be in my heart and in my memories. Big hug
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ResponderExcluirExcelente*
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