Desci ao jardim das nogueiras,
para mirar os renovos do vale
para ver se brotavam as vides,
para ver se brotavam as vides,
se floresciam as romeiras. (Cânticos de Salomão - 6:11)
Levantemo-nos cedo de manhã para ir às vinhas;
vejamos se florescem as vides,
se se abre a flor, se já brotam as romeiras;
dar-te-ei ali o meu amor. (Cânticos de Salomão – 7:12)
dar-te-ei ali o meu amor. (Cânticos de Salomão – 7:12)
O ciúme é um sentimento universal, um estado emocional,
caracterizado pelo sentimento de posse em relação ao outro, acompanhado de
ansiedade pela ameaça real ou imaginária de que o objeto de nosso “amor” possa
ser ameaçado e assim desejamos exclusividade incondicional.
Esta tríade: “amor”, ciúme e traição, tão presente em nossos
dias, tem destruído vidas e relacionamentos.
Shakespeare em 1603, quando escreveu “Otelo, o mouro de
Veneza”, representou magistralmente “o monstro de olhos verdes – o ciúme”.
OTELO, o general mouro de Veneza, presenteou a sua bela
esposa DESDÊMONA, com um velho lenço de linho bordado de morangos, o qual havia
herdado da mãe.
E em uma trama de traição, inveja e ciúme, o lenço é roubado
pelo invejoso IAGO (seu sub-oficial), e encontrado no quarto de CÁSSIO (seu
tenente), suposto amante de Desdêmona.
Otelo totalmente descontrolado pelo ciúme asfixia sua esposa,
matando-a, mas a mulher do malvado IAGO, revela a Otelo toda verdade, reafirmando
a inocência e fidelidade de Desdêmona.
OTELO se mata, apunhalando-se e caindo sobre o corpo de sua
amada DESDÊMONA...
Atire então, a 1ª pedra quem nunca sentiu uma pontinha de
ciúme.
Analisar o ciúme é analisar as manifestações da psiquê humana
(mente, vontade e emoções), a partir dos relacionamentos, pois esta realidade
implica intimidade psíquica e física,
teremos assim, fenômenos conscientes e inconscientes.
O ciúme é provavelmente um sentimento presente em todas as
culturas, cantado em prosa e verso e encontrado até nos animais irracionais, o
leão, por exemplo, quando assume um território vencendo fisicamente o macho
dominante do bando, ele mata os leõnzinhos e assim assegura uma nova linhagem
de seus próprios descendentes.
Nos homens o ciúme está mais ligado ao sexo, ao medo de
perder a linhagem, do pavor diante da possibilidade de sua mulher ter uma
relação com outro homem, de se ver comparado e ter seu desempenho sexual
avaliado.
Homens acreditam que mulheres fazem sexo quando estão
apaixonadas e, portanto pensam que o risco de perderem suas amadas é maior
quando estas os traem sexualmente.
Nas mulheres o ciúme está mais ligado à questão emocional, da
perda do afeto e da segurança.
Ser traída pode significar a perda da segurança emocional e
ou material e passar por algum tipo de privação e perder a proteção.
Mulheres pensam que homens fazem sexo sem amor, então
acredita que a possibilidade de perderem seus amados é quando existe
envolvimento emocional do homem com a outra mulher.
Podemos dizer que o ciúme do homem é um ciúme sexual e o da
mulher um ciúme emocional.
Afinal, temos ciúme do que mesmo?
Temos ciúme da infidelidade sexual, da infidelidade
emocional, ciúme do trabalho do outro, do tempo do outro, da atenção do outro,
da admiração do outro, da internet, da pornografia e tantos outros.
Por que ocorre o ciúme?
Constatação da infidelidade do outro; Desejo de manter o
outro na relação, uma vez que se sente ameaçado pelo rival; Sentimentos de
desconfiança ou de insegurança em relação à fidelidade do outro e até mesmo por
incapacidade em compartilhar o afeto do outro com outras pessoas.
Temos um Ciúme do Bem e um Ciúme do Mal:
Ciúme do Bem é aquele que fortalece a relação, protege,
resgata a auto- estima, através do
cuidado, da atenção, fazendo com que a pessoa se sinta querida e amada.
O ciúme do bem é aquele que não afeta negativamente o
relacionamento e funciona como proteção, elevando o moral do parceiro.
O perigo mora na casa do exagero.
O ciúme do mal é aquele ciúme em excesso, que poderá
inviabilizar o relacionamento, tornando-o perigoso.
Primeiro a desconfiança, depois acusações, monitora e
vasculha a vida de forma invasiva e ofensiva, e por fim mata, é o ciúme
patológico, onde encontramos os crimes passionais movidos pela paixão e
violenta emoção.
Este comportamento anormal e fora de controle poderá ter
causas variáveis, desde uma doença mental como a esquizofrenia, delírio de
ciúme do alcólatra ou qualquer outro desequilíbrio da bioquímica cerebral.
Pode ser também, um mecanismo de defesa do ego chamado
projeção, o qual projeta no outro, seus próprios desejos (eu é que gostaria de
trair) e assim acusa o outro de traição, geralmente é um processo inconsciente.
Assume assim o ciúme um aspecto disfuncional, quando passa a
dominar o relacionamento como uma obsessão pelo controle da vida do outro:
viola correspondências, bisbilhota e-mails, celulares, revira bolsos e bolsas
numa busca frenética pela infidelidade do outro.
O ciúme pode ser superado através da honestidade, da
comunicação, do diálogo, pois falar sobre nossos sentimentos ajuda a
compreender o “que” se está sentindo e o “como” se está sentindo.
E finalmente, buscar ajuda profissional para entender as
possíveis causas de prováveis inseguranças, analisar o relacionamento como está
e como gostaria que fosse.
Conversar de forma racional com ajuda especializada para
“regular” as lentes emocionais do ciúme, que às vezes estão ampliadas,
cinzentas, fora de foco ou distorcidas.
É preciso corrigir esquemas de pensamentos e emoções
desajustadas, promovendo ações que possibilitem um relacionamento saudável,
verdadeiro e prazeroso.
Você não deve permitir que o “monstrinho de olhos verdes”
semeie discórdia na sua vida afetiva e em seu relacionamento.
Nenhum relacionamento sobrevive sem dois ingredientes básicos
da relação a dois: honestidade e confiança.
Deijone do Vale
Neuropsicóloga
que palavras edificantes.. estou aprendendo muito acompanhando o seu Blog. Que Jesus ilumine sempre seu caminho e continue te usando para nos ensinar cada vez mais.. um grande abraço
ResponderExcluirMarchelly
Marchelly, minha querida!
ResponderExcluirVocê é uma pessoa ímpar, muito especial, uma benção em seu lar e na vida de seu amado esposo.
Um forte abraço,
Deijone do Vale