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quinta-feira, 18 de abril de 2013

VIVENDO, MORRENDO E APRENDENDO



“Se você não sabe para onde vai, qualquer lugar serve.”
Anônimo

São exatamente dezenove horas e dezenove minutos de uma noite quente de outono.

Estou ouvindo minha música preferida: autumn rose, tudo é silêncio, quebrado pelos acordes melodiosos que invadem meu ser num misto de alegria, saudade e esperança.

E por falar em esperança, esta disposição de espírito que nos induz a esperar, de que algo bom vai acontecer, e de que tudo vai dar certo. Você também é assim?

Você está cansado? Fisicamente, mentalmente ou os dois? Acalme-se. Sente-se. Ouça o silêncio ou sua música predileta.

Tem que decidir? É sério? Mantenha a mente em paz e jamais tome decisões quando você estiver zangado.


Está com dor de cabeça? Suas têmporas estão latejando? Seu estômago está ruim?

Cuide melhor de seu corpo, ele é o templo do Espírito Santo.

O que você comeu no início da manhã? Uma maçã? Parabéns!

O quê?! Bacon?!

Almoçou? Uma deliciosa salada verde com lasquinhas de amêndoas tostadas?

Teve que dizer “não” para alguém? Foi grosseiro e deselegante? Claro que não!

Aprenda a dizer “não” com gentileza e muito, muito carinho.

Às vezes as circunstâncias não são exatamente o que esperávamos, a vida em alguns momentos nos parece tão injusta...

E daí? Não se atormente, durante uma grande parte do tempo, perdemos algumas batalhas e isso nos faz ganhar muitas guerras, não é mesmo?

Afinal, você fez o que foi preciso no momento, e isto é ótimo.

Como tem reagido às pessoas? Medo? De dizer: “eu não sei”, “me perdoe”, “desculpe-me”, “eu amo você” ou “adeus”.

Está difícil? Experimente verbalizar seus sentimentos, fará bem à sua alma.

Tem exercitado? Caminhada? Natação? Por onde anda sua “magrela/bicicleta? Está com saudades de dar umas pedaladas e contemplar a madrugada? O sol vai te encontrar ou a chuva?

As pessoas... Ah! as pessoas, sim olhe em seus olhos. Tem coisa mais bela do que olhos? Dizem muito... muito  mesmo...

Solitário? Solidão? Solitude? É um estado de espírito, mas a vida é feita de escolhas... é bom fazer escolhas sábias.

Empatia? Deveria ser condição “sine qua non” das relações humanas.

Procure tratar os outros como gostaria de ser tratado, você vai se surpreender.

Já ouviu isso? Não apresse o rio... Aproveite a experiência de viver, pare de ser duro consigo mesmo... chorar faz bem, alivia.

Seja sempre verdadeiro e diga a verdade em amor, no entanto não saia por aí falando tudo que pensa, é melhor guardar alguns detalhes para reflexão, aprendemos muito assim.

Desafios? Dificuldades? Decepções? É assim que crescemos, amadurecemos e fortalecemos nossos “músculos” emocionais, só que às vezes vai doer  um pouco, mas depois seremos pessoas melhores.

Ouvir? É uma arte... temos que aprender.

Olhe agora ao seu redor, o que realmente você está vendo?

Ouça... respire profundamente, sinta o ar, inspire, expire, respire, solte o ar, aprenda a acalmar seu corpo respirando corretamente.

Preste muita atenção às pessoas a sua volta, aprenda a identificar necessidades nos outros, seja um pacificador, o mundo necessita urgentemente de você.

Ajude alguém pelo menos uma vez no dia, é um ótimo exercício de cidadania, e depois aproveite seus momentos de descanso, tirando uma soneca que irá revigorar o seu espetacular cérebro e prepará-lo para ideias geniais de como fazer a diferença a onde você se encontra.

Tenha amigos, cultive suas amizades, aprenda a livrar-se de ressentimentos, mágoas e outros entulhos que podem impedi-lo de viver uma vida saudável.

Seja cuidadoso com o que sai de sua boca, pois palavras são poderosas.

Aproveite as oportunidades para sorrir para alguém, cumprimente sem esperar resposta, e finalmente nunca deixe alguém sair de sua presença pior do que chegou, faça disso um estilo de vida.

Sorria de você mesmo e lembre-se, você ainda vai dar boas gargalhadas de muita coisa que já te causou medo.

Afinal, nascemos para um nobre propósito, descubra o seu.


Ouça a música Autumn Rose  





Deijone do Vale
Neuropsicóloga


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Você é Ciumento?




O ciúme é um sentimento natural do ser humano provocado pela falta de exclusividade sobre o sentimento de alguém.

Ele pode ter um caráter positivo ou negativo. Quando atinge o sentido de cuidado ou zelo por alguém, pode ser um sentimento benéfico. Por outro lado, quando há egoísmo ou controle excessivo, o ciúme pode transformar-se em paranoia.

Ouça a entrevista da Dra. Deijone com Luiz Geraldo da Rádio CBN Goiânia transmitida no programa "Bem Viver".



Fique atualizado acesse o site da CBN Goiânia








terça-feira, 2 de abril de 2013

Irresistível Impulso



...não somos nós mesmos
Quando a natureza, ao sentir-se oprimida, ordena à mente
Que sofra com o corpo.
 SHAKESPEARE,  Rei Lear


Imagine você, tendo um impulso irresistível para furtar aquele pequeno vidro de perfume, de que você não precisa e nem verdadeiramente deseja.

O gesto furtivo quase involuntário de suas mãos agarra o objeto,     enquanto seus olhos piscam alucinadamente, fitando hipnotizado o frasco de perfume ordinário.

Sente que suas têmporas latejam num furor ardente, sua garganta está seca, o suor escorre em pequeníssimas gotículas deslizando pela testa e naquele instante experimenta uma tensão enorme e crescente, como o ribombar de um trovão.

 A adrenalina derrama-se feito um filete de mel inundando o seu interior, num misto de extremo prazer e alívio.

Após o furto, o cérebro libera uma boa quantidade de dopamina, acionando o sistema límbico, ocasionando uma intensa emoção prazerosa de recompensa, é como se um delicioso chocolate quente escorresse suavemente pela sua garganta, acalmando o estomago nauseado pela tensão.

Aperta com força o pequeno frasco e vai embora, levando-o na bolsa.

Mas, como  em um filme de câmara lenta, aquela euforia e bem-estar, vai dando lugar a  uma sensação de estranheza.

Retira o pequeno perfume da bolsa e aspira sofregamente o seu odor, o cheiro enche suas narinas como uma bofetada, e uma sensação de culpa, arrependimento, vergonha e remorso invade sua mente.

Atira longe o pequeno frasco, que se parte em mil pedaços, assim como o seu coração, a inutilidade do objeto é como o leite derramado no caríssimo tapete persa.

Olhe para a furtadora de perfume: aparentemente alguém comum, completamente normal, nada que identifique o descontrole emocional ou algum traço à mostra que indique desordem mental, a não ser o impulso compulsório de furtar.

Falta de caráter? O quê? Moral comprometida? Decididamente NÃO!

É uma patologia chamada cleptomania, uma doença psiquiátrica, geralmente crônica, com breves, médios ou longos períodos de remissão.

A manifestação da cleptomania está condicionada a uma extrema ansiedade e impulsividade incontrolável de furtar, geralmente objetos sem grandes valores monetários.

O psiquiatra suíço André Matthey foi o primeiro a utilizar o termo Klopemanie para aqueles indivíduos que cometiam roubos impulsivamente de objetos irrelevantes , mais tarde os médicos franceses Marc  e  Jean  Esquirol, alteraram o termo para Kleptomanie, atribuindo o ato de furtar a uma doença mental, e realmente, é um transtorno de controle dos impulsos.

A falha em resistir ao impulso de furtar se traduz numa crescente ansiedade antes do ato, o alívio emocional subjacente apoia a hipótese de uma disfunção ou falha na produção dos neurotransmissores responsáveis pelo controle dos impulsos.

O sujeito portador da cleptomania, vivencia a angústia do ato, e muitas e muitas vezes sofre silenciosamente a vergonha, a incompreensão interna e externa.

O diagnóstico da cleptomania, geralmente não é algo fácil, envolve o sistema legal de leis, e distinguir um ladrão que burla a lei de um cleptomaníaco é tarefa árdua, mas não impossível, e em algumas situações, esbarra no desejo do cleptomaníaco de se esconder devido a vergonha, por isso não buscam tratamento especializado.

A cleptomania prejudica a vida social, familiar e ocupacional do indivíduo, motivando discussões acaloradas entre judiciário, psiquiatria e neuropsicologia.

O início pode ser na infância ou no final da adolescência e continuar anos a fio.

Outra hipótese é um sentimento de solidão vivenciado pela pessoa, como sentimentos de insegurança, uma carência psíquica por carinho e atenção.

Interiorizamos formas de autocompensação pela falta de atenção, de carinho e diálogo, que por sua vez poderá desenvolver disfunções emocionais e comportamentais.

Ansiedade demasiada para o psiquismo infantil poderá resultar em transtornos comportamentais e em patologias, expressando uma falta, uma necessidade não suprida ou negligenciada.

Conflitos emocionais afloram através de episódios mal resolvidos, estímulos aversivos que incidem sobre a mente infantil, desembocando em doenças.

São aquelas angústias encarceradas que não se expressam de forma adequada e saudável.

Pense em um quadro mental,  uma criança, um pequenino sózinho em seu quarto, no escuro, ouvindo os pais brigarem, se agredirem física ou verbalmente.

Qual é o impacto disso sobre o psiquismo infantil?

Sente-se indefeso, sozinho, e lá na escola... Ah!  a escola... Começa a furtar pequenos objetos que acaricia em seus momentos de solidão.

Isso pode ser a expressão do medo, da ansiedade e da angústia.

Quando tudo isso começou?

Quem sabe?

Será naquele instante quando se sentiu insignificante diante de um mundo adulto, imenso, frio e conturbado?

Os pais correndo apressados, tão atarefados, tão responsáveis com seus horários, com seus negócios, com suas vidas... não tem tempo para “olhares”.

E você? Então? Como é? Começou a sentir prazer em subtrair pequenos objetos e que depois se arrependia e os jogava fora, como numa tentativa de se purificar.

Amedrontava-se?  Ficava com culpa, vergonha e dor... Que tripé!

É... uma alma pede pouco, quem sabe um pouco mais de cuidado, um pouco mais de afeto.  Só isso!

Senão, mais tarde é necessário muito mais, é necessário tratamento psicológico, medicamentoso com fármacos que combatem a ansiedade e a depressão.

É possível a prevenção, e esta se expressa no olhar, na fala, no diálogo, na comunicação clara, na qualidade dos afetos e dos relacionamentos.

Nosso olhar deve ser ampliado 360º para compartilhar o amor, demonstrá-lo e ratificá-lo se necessário for.

Nada substitui o afago de uma mão, a ternura de um olhar e a doçura de uma palavra.

Ame... Respeite... Cuide... Eduque... Converse... Observe... Observe... Observe... SEMPRE!




Deijone do Vale
Neuropsicóloga