Páginas

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

AJUSTANDO AS “VELAS” DE NOSSAS ATITUDES: REPOSICIONE-SE..

                                      

“Somos responsáveis pelo nosso bem estar, portanto ajuste as “velas” de sua vida e sinalize sempre que precisar, através de uma atitude”.
                                                                                                                                      Deijone do Vale

Vivemos em um mundo permeado por uma verdadeira obsessão em relação à  auto afirmação e auto suficiência, e isso é o retrato do orgulho, da arrogância e de um falsa onipotência.

A responsabilidade pelo nosso bem estar começa pela perspectiva da visão, posição e sobretudo pelas atitudes transformadas em ações, e estas em estilo de vida.

Mas o que é mesmo uma atitude?
Atitude nos fala de ação, movimento, forma de se apresentar, atitude é escolha, e escolhas são chaves vitais da condição humana.

Atitude, mais que uma postura, é um jeito de se mostrar, frente a uma determinada situação.

Uma escolha pode nos destruir e destruir outros à nossa volta.

Sim, escolhas podem transformar-nos, mudar circunstâncias em nova realidade, escolhas podem ampliar profundamente ângulos em suas dimensões ou detonar lealdades e fidelidade.

Escolhas nunca são neutras, podem transformar-se em cânticos de júbilo ou numa marcha fúnebre.

Certamente, se você não foge às regras, já vivenciou alguma tempestade em sua existência, ou não?  O quê?  Um tsunami? Hummm!!! Então esteve no olho do furacão? 
Interessantíssimo!

Por mais paradoxal que soe, eventos catastróficos são desafiadores, motivadores e  poderão ser a sua inspiração para uma mudança radical, e uma vida espetacular, sem limites para o crescimento e amadurecimento.

Numa atitude reflexiva é possível adentrarmos os caminhos do SER, tudo vai depender do olhar e da perspectiva, para mapear os aspectos ou áreas de nossas vidas  que necessitam de ajustes.
Qual é o seu desafio de ajuste hoje?

Precisando de um abraço?  Peça...  necessitando de ouvir um cordial “bom dia!”, numa chuvosa e nublada manhã de domingo?  você desejou um “bom dia” interiormente? Muito bem!

Se tudo depende do tal olhar e da tal atitude, o que dizer do que vivenciamos constantemente pelo impasse: ...  “faça assim”... “não faça assim”...

Cada olhar quantifica uma medida disso ou daquilo, então o que fazer?

Mente e corpo, um binômio indivisível, ambos necessitam de exercícios, então, afie seus músculos e neurônios, fazendo coisas que rompem a rotina e estimulam a funcionalidade dos mesmos.

Que tal andar feito caranguejo de trás para frente e para os lados, estranho? Pois é isso mesmo, o seu cérebro e corpo agradecem a estimulação, tão inusitada.

Faça diferente, crie, inove, invente, cumprimente, renove-se, ouse, descubra a sua cor interior e brilhe.
Fale, expresse, compartilhe suas ideias, muitos sintomas de doenças encontram-se no lugar das palavras não manifestadas.

Palavras que não foram faladas, palavras silenciadas, entaladas, atravessadas, adormecidas e até mortas...
Será que a sua verdade se esconde no silêncio de uma dor, de um sofrimento e se mostra no adoecer?

Acorde e veja através da vidraça os primeiros raios de sol, brincando em sua janela, ou ouça os pingos de chuva batendo cadenciadamente no telhado e fazendo aquele barulhinho tão sonífero, justamente no horário em que você deve se levantar, pois o trabalho te chama.

É maravilhoso ir para o trabalho e quem sabe este é o seu melhor tempo de produtividade.

Esta vivenciando uma crise?  Ótima oportunidade para se tornar um vencedor, ajuste bem suas “velas”, a viagem já começou...

Imprevistos e acontecimentos inesperados fazem parte do mundo, e nos atingem mentalmente, psicologicamente, emocionalmente, fisicamente e espiritualmente, tudo isso é a expressão da natureza da vida, uma espécie de bumerangue humano: você joga e  retorna, agora essa volta depende da ida...

Auto suficiência + Humanidade é igual a Vulnerabilidade.
Humanidade + Relacionamento com Deus é igual à Vida de Propósito.

Qual é o lugar de Deus em seu viver e como vai a sua fé?

Esta resposta é a chave especial para o seu posicionamento ou reposicionamento diante de qualquer circunstância pela qual você esta passando ou ansiando.

Nem sempre é o psicológico o vilão e causa de tantos desacertos, na verdade ele é consequência de atitudes com desejos e escolhas infelizes.

Conhece a história do filho pródigo que comeu comida de porcos? ESCOLHA!

O que você tem comido? Isso certamente produzirá consequências desastrosas ou assertivas.

Voltemos a sua fome. Você tem fome de Deus ou das iguarias do mundo?

Pense e reflita pausadamente sobre isso.

O filho pródigo não poderia apagar o seu passado de farras e diversões fúteis, onde desperdiçou toda sua herança e no final só sobrou comida de porcos... Argh!

Ele teve uma atitude sábia, decidiu se reposicionar, tratou de ajustar suas “velas” e decididamente retornou à casa do Pai, voltando-se para o lugar certo, e você?

Pare de negligenciar e trate de se posicionar, renovando imediatamente sua mente e mudando de atitude.

Os ventos do SENHOR, sempre sopraram a seu favor, mas não faça como o avestruz, que esconde a cabeça no buraco para não ver a vida passar.

Ouça... está ouvindo? É o sussurro do vento, talvez uma pequena lufada, mas aproveite-a.

Ajeite as “velas” de sua nau (vida) e deixe o leme nas mãos poderosas de Cristo, o meu primeiro amor. O seu também?

Você já se perdeu em suas perspectivas e ou expectativas?

Se você não é um perdedor desistente, a sua condição é apenas: Temporária!  
Milagres existem,  você mesmo e eu somos  milagres.

Exercite sua fé e reposicione-se.

O jovem que comia comida de porcos fez o quê? Reposicionou e pensou: ...“na casa de meu Pai não é assim”... ele, simplesmente entendeu a posição que possuía anteriormente: Filho e herdeiro.

E você? Ouse conceber o seu propósito de vida, resgate o motivo pelo qual veio a existir.
Alinhamento, é isso mesmo, retome os  trilhos de sua existência e descubra, baseado em seu espetacular senso de percepção, o propósito pelo qual veio ao planeta azul.

Não permaneça procrastinando: Chega de...  “era uma vez”... “e assim viveu infeliz para sempre”...
Quais são os seus sonhos ou já parou de sonhá-los?

Quantos sonhos já foram realizados?

Já vivenciou muitos desapontamentos, decepções e situações aparentemente impossíveis ou improváveis?
Sequidão, esterilidade e passividade? Trevas, ressentimento e amargor?

Você necessita de uma mudança de consciência, porque dificilmente alcançará algo para o qual não se está preparado ou não tem abertura.

Ouça as batidas: Tum... Tum... Tum... é o seu coração, prepare o terreno, escolha as melhores sementes daquilo que deseja colher e mãos à obra.
É tempo de plantio, qual é o maior anseio de seu coração? Qual é a intervenção necessária? Você tem um propósito definido?

Qual é o seu lugar de descanso? 

Você tem uma identidade clara e segura?
Você bem que poderia me responder em hebraico: “b’tzelem Elohim” (formado à imagem do Deus Todo-Poderoso).

É assim que somos, Imago Dei, feitos e estabelecidos a imagem de Deus. 

Vivemos em um mundo caído que nos surpreende e nos assombra cada vez mais.

Emoções estilhaçadas, doenças físicas e ainda incuráveis, inquietações, transtornos comportamentais e mentais, e nós profissionais da área da saúde, muitas vezes nem sabemos o que fazer e ainda temos dificuldades em adentrar a dimensão espiritual e falar do amor de Deus para o paciente à nossa frente, tão perdido...

Quando foi que você precisou de um amor perfeito? Um cuidado especial? Compaixão divina? Um toque transformador? Esperança, através de palavras de sabedoria? Um sorriso, um afago, um bom dia verdadeiro? Sabe onde encontrar?

No corpo de Cristo: a Igreja, ela é o corpo de Cristo, este corpo que se revela ao outro, o doce amor de Deus.

Reposicione-se diante da dimensão espiritual e assim será revigorado em sua jornada existencial.
Qual é o prumo e qual é o rumo em que a sua vida tem seguido?

Acabe com a síndrome da passividade, ajuste-se, restaure, alinhe, planeje e construa.

Viva  próximo de pessoas inspiradoras e veja como você poderá aprender com elas, cerque-se delas e verá a diferença em sua existência.
Somos mesmos influenciáveis, por isso é muito bom andar com corças e águias.

Todos temos situações a serem superadas, circunstâncias que necessitamos transcender,  e pessoas com as quais poderemos contribuir de forma efetiva, mudando e contrariando prognósticos desfavoráveis, afinal somos corpo de Cristo, por isso tenha cuidado com as raposinhas.

Não permita que as raposinhas estraguem seu vinhedo.

Raposinhas da mediocridade, da insegurança, do negativismo, raposinhas da arrogância, das comparações destrutivas, das escolhas erradas, raposinhas da iniquidade, da injustiça e da desunião, raposinhas do egoísmo, da corrupção, da indiferença, raposinhas da violência, da lamúria e da murmuração, raposinhas da mornidão, do comodismo, da intolerância, raposinhas da maledicência, da ganância, da vaidade, raposinhas das tentações, da autopreservação e da ingratidão.

Lembre-se, a sua tarefa existencial é fundamentada em um propósito e sua atitude é permitir que o VERBO, se  faça, em sua vida e na vida de outros.

Bom plantio e fartas colheitas.

Deijone do Vale
Neuropsicóloga

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

SERIAL KILLER: O Lado Obscuro de Uma Mente...




“O psicopata é como o gato, que não pensa  no que o rato sente.
                           Ele só pensa em comida.
                           A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sempre sabe 
                           quem  é o gato” 
                                                                                     Robert Hare (Psicólogo canadense).



A mente humana é um complexo incomensurável, fascinante em sua dinâmica, e o nosso status mental sofre variações ao longo do ciclo vital, sugerindo em alguns casos, uma fisiopatologia do neurodesenvolvimento, devido problemas ocorridos entre conexões nas regiões cerebrais e estas podem não manter o “indicador de qualidade”.

Provavelmente ninguém nasce psicopata, e o máximo que poderemos dizer é que nasce com tendências para a psicopatia, esta medida de furacão, tão variável como peso e altura.

Somos portadores de dois instintos básicos: Eros e Tanatos.

Eros ou instinto de vida, nos reporta a tudo que for criativo e que nos impulsiona no sentido da saúde e da preservação da espécie.

Já o instinto de morte ou Tanatos, nos remete à finitude e extermínio, como evidenciamos nos padrões de ira, essa força destrutiva e primitiva que vive dentro de nós e necessita de domínio próprio, caso contrário, esta “raiva invasora” poderá tornar-se um vício, inundando o cérebro de adrenalina até ao ponto da fúria descontrolada, uma espécie de estado alterado do nível de consciência.

Então... pessoas furiosas tornam-se extremamente perigosas, devido ao conflito constante entre o instinto de vida e o instinto de morte, sendo a mente o campo de batalha travada pelo domínio do ego (Eu), as forças do id (impulsos) e a censura do superego (consciência moral).

A vida psicológica do homem é alicerçada nas bases que vão desde a influência das experiências infantis, dissociações, associações e a maneira específica de relacionar-se consigo mesmo e com o mundo, sendo a natureza humana afetada por um conjunto biopsicossocial, onde a bagagem biológica se desenvolve e manifesta a sua individualidade através de suas características de personalidade (caráter e temperamento).

Nessas condições, o indivíduo torna-se adaptado, ajustado? Adoecido? Patológico? Compulsivo? Obsessivo? Neurótico? Psicótico? Fóbico? Anti-social? Sádico? Masoquista? Sadomasoquista? Destrutivo? Conformado? Passivo? Agressivo?...

É inegável que as relações primitivas de uma criança com adultos significativos ou figuras de autoridade são de suma importância na gênese das patologias ou saúde psicológica.

A linha que separa o normal do patológico é tênue, sendo os transtornos psíquicos uma consequência das alterações na intensidade dos processos e fenômenos neurais de excitação e de inibição cortical.

Se pensarmos em termos de neurose veríamos uma alteração de caráter pessoal como a resultante de um distúrbio do desenvolvimento, tendo como causa, relações interpessoais desfavoráveis, uma resposta da personalidade humana em termos de estrutura às condições ambientais, dando respostas neuróticas e falindo no intercâmbio pessoal.

O sentimento de raiva pode ser físico e ou psicológico, real ou imaginário e qualquer que venha a ser a sua origem, é notório o impulso destrutivo, conferindo uma vulnerabilidade emocional extrema, dotada de certa especificidade e que age como fator desencadeante, proporcional ou não à intensidade do trauma.

O ego dos neuróticos paga o preço da ansiedade, mas não desagrega como na psicose, onde se deforma os elementos concretos, e nem altera a realidade, ou seja, não vê um avião como um pássaro.

O neurótico reconhece sua condição de doente, no entanto consegue manter contato com o seu grupo social e manter um ajustamento diante da vida, diferente do psicótico com pensamentos absurdos, ilógicos, permeados de delírios e alucinações os quais fazem parte da fenomenologia psicótica.

A constelação emocional aponta os pontos vulneráveis, por exemplo, a hostilidade, esta poderá ser uma resultante de frustrações reprimidas, e que definirão o caráter neurótico ou psicótico do indivíduo.

Logicamente a psicose comporta maior gravidade, sendo o prejuízo maior o comprometimento da realidade, através da desintegração da personalidade.

Deve haver um lucro do paciente com seus sintomas, mas quais lucros?

Estas são motivações inconscientes, sendo uma tarefa árdua chegarmos ao conhecimento de verificar até que ponto a sintomatologia das disfunções servem como suporte psicológico para o indivíduo.

A personalidade dos indivíduos que desenvolvem compulsões, obsessões, transtornos de comportamento, fobias, taras, agressividade acentuada e enveredam pela marginalidade, cometendo assassinatos, roubos e outras violências contra o mundo externo, representa uma expressão fotográfica de uma sensação de ameaça ou desconforto interior.

Hereditariedade? Influências neurobioquímicas do cérebro? Fatores ambientais? Experiências traumáticas? 

Tudo fica muito complexo e intrigante quando observamos os sintomas das psiconeuroses, onde predominam as personalidades duplas ou múltiplas, com verdadeiras dissociações mentais que promovem uma farra disfuncional, prejudicando acentuadamente a síntese mental, numa alternância de personalidades diferentes, como  se fosse um caleidoscópio sintomático.

Quais seriam os acontecimentos capazes de determinar tal feitio pessoal?

Os psicopatas, por exemplo, são tipos que variam ao extremo, uma vez que a personalidade humana comporta infinitos matizes que vão da extrema explosividade, irritabilidade e instabilidade emocional, até uma personalidade amoral, sexual, mitômana, obsessiva e paranóide, as variações em termos de reações individuais dependem da organização psicológica do indivíduo.

E os indivíduos que matam em série? Serial Killer? Mata por quê? Por quê matam?

Motivos? Estes são motivos eminentemente psicológicos, que vão desde sexo, poder e dominação, vivenciando uma intensa gratificação pelo ato em si.

Caçam suas vítimas de forma aleatória ou planejada e sua mente criminosa cogita antes da ação, sendo provável o consumo de bebidas alcoólicas antes de agir.

Se analisarmos a vida dos serial killers poderemos constatar problemas e transtornos de comportamento na infância, e abusos sexuais são comuns, negligência em suas necessidades básicas (alimentação, proteção, afeto), e assim crescem sozinhos com uma conduta interpessoal pobre e muita raiva a qual é dirigida aos animais ou a atos incendiários (piromania).

Apresentam fantasias de caráter violento o que caracteriza a morbidez de seus atos contra a humanidade, que percebe com desconfiança e antipatia, devido terem sido abusados ou castigados com punições extremas de humilhações e violência. 

O córtex límbico, o hipotálamo ou lobo frontal se sofrerem traumas, seja através de acidentes ou golpes físicos, podem desencadear comportamentos violentos com uma intensidade de agressividade incontrolável, sendo estreita a relação entre ferimentos e comportamento agressivo ou assassino.

Teremos assim um indivíduo com baixa capacidade de controle de seus impulsos e com atitudes francamente sádicas e disfuncionais, desenvolve um transtorno de personalidade dissocial com franco desvio dos padrões normais, e com um limiar de tolerância às frustrações extremamente baixo, não suportando nenhum tipo de restrição aos seus  impulsos.

O serial killer é um tipo grave de transtorno de personalidade, onde é possível evidenciar o fracasso em adaptar-se às normas sociais.

São frios, calculistas e encapsulados em suas demonstrações de afeto, são superficiais e anestesiados emocionalmente, embora possam possuir máscaras de sedução e um certo encanto pessoal, que aos poucos dará espaço para a intolerância à menor frustração e uma irritabilidade incontida.

São mentirosos (mitômanos), e podem passar despercebidos em uma multidão, mas sempre nos surpreenderão com seus atos e comportamento.

A vida e o ambiente no qual o serial killer foi criado, tem como ponto comum o grupo familiar disfuncional, marcado por conflitos constantes.

É difícil identificarmos à primeira vista um serial killer, pois este poderá esconder-se sob uma capa de dissimulação e manipulação, sendo improvável acreditarmos que aquela pessoa é capaz de cometer tantas atrocidades.

No fundo quase todos os serial killers são grandes narcisistas, são excessivamente egocêntricos, manipuladores hábeis, vaidosos e individualistas, de uma orgulho e rebeldia irritantes.

O psicopata não é um doente mental, e nem todo psicopata se torna um serial killer, mas todo serial killer é seguramente um psicopata.

Interessante pontuarmos, que serial killers podem ter trabalhos fixos, serem assíduos e pontuais, e ocultarem muito bem sua dupla personalidade de forma a mascarar suas tendências calculistas e dissimuladas, um verdadeiro camaleão social.

Alguns abrigam uma fúria indomável com sentimentos vingativos e rancorosos, caminhando na contramão da vida, geralmente imediatistas e insensíveis, mesmo quando objeto de julgamentos judiciais, assistem passivamente, com uma indiferença assombrosa, no entanto são absurdamente exibicionistas e podem teatralizar um falso arrependimento.

Sabem o que é certo e o que é errado, no entanto não conseguem evitar o errado e assim exibem atitudes que chocam pelo absurdo e pela crueldade.

Invejosos e possessivos,  buscam preencher o vazio existencial com adrenalina e assim atacam devido a extrema irritação e angústia incontida.

Desenvolvem prazer em vivenciar sensações de perigo e gostam de sentir poderosos e onipotentes. Reincidem frequentemente, necessitando de vigilância contínua.

A maneira de um serial killer escolher suas vítimas e matá-las, nos traz uma ideia na compreensão do porque matam, geralmente em uma localidade geográfica específica e suas vítimas  são portadoras de um valor simbólico ou mesmo desprovidas de valor (moradores de rua, homossexuais, vagabundos, prostitutas, crianças, mulheres), a vítima tem hipoteticamente uma posição de inferioridade ou impotência diante do serial killer.

Dominação e controle são motivos psicológicos para o assassinato em série, num impulso homicida, quem sabe vasculhando áreas geográficas, ruas, avenidas, becos e locais onde possa caçar suas vítimas aleatoriamente ou com algum significado para o serial killer.

Como o serial killer vivencia suas emoções?

Falta de internalização do superego? Falta de empatia? Ódio e raiva? Depressivo com tendência suicida? Cruel e desumano? Desconfiado e arredio? Hostil e vingativo? Solitário e isolado? Exibicionista e egoísta?

Tudo é muito paradoxal na vida de um serial killer que vive como um indivíduo normal e é um assassino em série, esta dissociação é um fator patognomonico da psicopatia.

Podem ter um modus operandi no modo de matar: estrangular, asfixiar, esfaquear, matar com armas de fogo, afogar entre outros e é possível seus crimes terem uma assinatura, uma marca ou um comportamento ritualístico que tenha significado para o assassino e faz parte de suas fantasias.

É pertinente realizar uma diferenciação entre psicopatia e psicose.

A psicose refere-se a perda do contato vital com a realidade, comporta prognóstico grave, acompanhados de delírios e alucinações.

A psicopatia distingue-se da psicose por não apresentar alterações propriamente qualitativas dos processos intelectuais, volitivos e afetivos, o que nos impressiona e chama a atenção é a desarmonia da personalidade e se traçarmos o perfil psicológico do psicopata, possivelmente teremos uma figura irregular onde predomina alguns componentes, em desfavor de outros, por exemplo, uma exposição acentuada de exibicionismo, orgulho, desconfiança que nas devidas proporções existem em todos nós.

Na psicopatia estes desequilíbrios beiram os extremos, seja no exagero ou na inexistência desses elementos psicológicos que compõem a individuação.

Encontraremos personalidades psicóticas e ou psicopáticas com disfunções dos freios emocionais e psicológicos que vão da euforia à explosividade, com traços amorais, disputadoras, anestésicas, instáveis, mitômanas, sexuais, obsessivas, paranóides, irritáveis, uma verdadeira seriação de aspectos psicológicos fronteiriços e que reagem de conformidade com a sua organização psicológica individual.

Apresentam nuances de toda ordem, mas a característica básica da psicopatia é o feitio anti-social, aliada a uma perversão mórbida dos sentimentos humanos, dos afetos, dos hábitos, das disposições morais e dos impulsos sem alterações significativas das faculdades do conhecimento, do raciocínio ou da inteligência.

O que vemos é um defeito na esfera emocional e afetiva, no julgamento moral e ético, e uma falha grosseira na capacidade afetiva e um limiar extremamente baixo para as frustrações, aliadas a uma maldade franca  ou dissimulada com orientação para um feitio amoral e orientada para hábitos alcoólicos.

A grande maioria dos psicopatas, são predominantemente agressivos, digo predominantemente pois em termos de psicologia humana, os tipos puros basicamente não existe  e se existirem são raridade.

Os psicopatas alimentam rancores profundos, fantasias malévolas de morte e destruição, são incapazes de lidar com a hostilidade interna, isto de certa forma explicaria o eterno descontentamento e a constante irritabilidade, exibindo desrespeito pelos sentimentos alheios, sendo a mentira o recurso comum a todos os psicopatas.

O aspecto mais sombrio da criminalidade psicopática é a sua incorrigibilidade, sempre reicidente, sua carreira é ascendente e suas reações a imposição de autoridade ou prisão aciona crises de agitação colérica de auto-agressividade e auto-extermínio, acentuando a revolta contra o mundo e o grupo social que os pune.

Mesmo conhecendo as regras de moralidade e convívio social, do ponto de vista racional, os psicopatas não conseguem vivenciá-las emocionalmente, pois faltam-lhe consciência do próprio defeito, e esta é uma das razões da falência na psicoterapia.

A maioria dos serial killers, senão todos, são psicopatas, vejam bem,  quando vivenciamos uma situação de tensão, geralmente temos tremores, sudorese e aceleração do ritmo cardíaco, mas psicopatas não exibem estes sintomas, mentem olhando nos olhos,  não conseguem demonstrar gratidão falta-lhes a capacidade de empatia.

O filtro emocional de um serial killer é precário, intelectualmente, racionalmente, ele  pode até saber que determinada conduta é condenável e passível de punição, mas no seu íntimo, no seu mundo interno, ele não percebe o erro de se  burlar ou quebrar aquela regra em questão, por exemplo, matar alguém na rua à vista dos olhos do mundo, e daí?

No Brasil os psicopatas comumente são considerados semi-imputáveis do ponto de vista jurídico, por entenderem que psicopatas podem ter consciência do caráter ilícito de seus crimes, mas não conseguem evitar a conduta que os leva a praticar o crime, e assim quando condenados, vão para a prisão com a pena diminuída.

Ele não se importa, faz o que deseja, é aquela história do psicólogo canadense, Robert Hare, criador de uma escala para medir os graus de psicopatia, ele afirma que “...gatos e ratos nunca entendem um ao outro. A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sabe sempre quem é o gato”... o pesquisador vai além, ao afirmar que as emoções  estão para o psicopata assim como o vermelho está para o daltônico. Ele simplesmente não consegue vivenciá-las, ele não leva em conta a dor da vítima, mas o prazer que sentiu com o crime, ele não experimenta emoções morais.

É emergente a necessidade de novas revisões no sistema judiciário penal e criminal, enfim, uma nova análise para implantação de manicômios judiciários de segurança máxima, equipes multidisciplinares altamente capacitadas, e mudanças através de novas leis, com novas políticas de saúde e segurança pública.


Deijone do Vale
Neuropsicóloga

domingo, 26 de outubro de 2014

Dia de Impacto traz reflexões sobre saúde a servidores da Reitoria


Servidores da Reitoria do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) vivenciaram na quinta-feira, 23, o Dia de Impacto. Durante a manhã e a tarde, várias atividades foram realizadas no intuito de estimular na Instituição a adoção de hábitos de vida saudáveis.

A oferta de serviços como aferição de pressão arterial e glicemia, vacinação, medição do Índice de Massa Corporal (IMC), cadastro para doadores de medula óssea e aplicação de flúor movimentaram o hall de entrada do órgão administrativo. Ao mesmo tempo, foram proferidas diversas palestras no auditório.

A neuropsicóloga Deijone do Vale trouxe aos participantes reflexões sobre qualidade de vida no trabalho. Para ela, o fato de priorizarmos as relações virtuais e corrermos sempre contra o tempo cronológico tem nos levado a viver uma “exaustão coletiva”, ou seja, o comprometimento da saúde física e mental.

Deijone alerta que combater esse mal exige autoconscientização sobre os próprios limites e valores e o comprometimento com mudanças no estilo de vida, novas formas de enfrentamento das adversidades, melhoria das relações interpessoais no ambiente de trabalho, na família, no social, no emocional e espiritual. Descansar também é fundamental. “É bom amarmos nosso trabalho, mas a vida vai além”, lembra.

No período da tarde, o educador físico, Diego Mesquita, falou sobre ergonomia voltada aos servidores públicos. O palestrante explicou que no setor público é mais difícil adquirir mobiliário que favoreça a qualidade de vida do funcionário, pois a aquisição se dá por meio de licitação. “Um jeito de resolver essa situação é por meio da descrição minuciosa do bem a ser adquirido”, completa.

Diego falou ainda sobre ações que podem auxiliar a saúde do servidor tanto no ambiente de trabalho, como pausas para alongamento e boa alimentação, quanto fora dele, como exercícios físicos regulares. Além disso, “o ideal é que os móveis de casa também sejam planejados e ajustáveis”, diz. Após a palestra foi realizada ação de saúde bucal.

O Dia de Impacto é uma iniciativa do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (Siass). Um dos objetivos do evento também foi apresentar aos participantes o trabalho da Comissão Interna de Saúde do Servidor Público (Cissp), exposto pela assistente social Sirlene Coelho.

Blog do Reitor - O Dia de Impacto foi realizado em conjunto com o Café com Ideias, reunião mensal destinada a apresentações e repasse de informações aos servidores da Reitoria, além de uma celebração dos aniversariantes de cada mês. Nesta edição, destaque para o lançamento do Blog do Reitor, um canal de comunicação destinado a aproximar a gestão da comunidade escolar por meio da divulgação semanal das atividades previstas na agenda do reitor da Instituição, Vicente de Almeida.


Outubro Rosa 2014 - Outubro Rosa 2014




Palestra ministrada no Ministério da Saúde e na FUNASA pela neurocientista Deijone do Vale.

Os aspectos psicológicos do Câncer de Mama.



Palestra ministrada no INSS pela neurocientista Deijone do Vale.

Os aspectos psicológicos do Câncer de Mama.



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Palestra Outubro Rosa 2014 - Dataprev

 
Palestra Outubro Rosa, sobre os aspectos psicológicos do câncer de mama ministrada pela Psicóloga Dra. Deijone do Vale na Dataprev - Goiânia.
 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Cogito, ergo sum: Penso, logo existo...(René Descartes)


   
“Ser abandonado por alguém é algo suportável, mas
                                        abandonar a  si próprio,  é intolerável.”
                                                                      Deijone do Vale

Vamos realizar uma pequena viagem em nosso mundo interior e refletir sobre algumas maneiras de minimizar ou mesmo extirpar situações estressantes e que geram conflito emocional, redesenhando novas possibilidades ou corrigindo estilos de comportamento condicionados que escravizam a alma (mente, vontade e emoções).

Pergunto: a quantas anda a sua musculatura psicológica? Sente-se ousado ou passivo em seus projetos e sonhos? Conformado? Você é livre ou um prisioneiro de sua mente?

Sequestros emocionais que bloqueiam suas potencialidades e corroem seu psiquismo necessita de domínio, antes de te levar à exaustão, falência física e mental.

O seu sorriso é verdadeiro e reflete com fidelidade o clima emocional de sua mente?

Somos poderosos em algumas áreas e frágeis como vasos de cristal em outras, isso porque somos injustos com o nosso mundo interno.

Você sabe ouvir outras pessoas? Dizem que no Cazaquistão, (uma região que fica entre a Rússia e a China), são oferecidos às crianças para comer, um pedaço da orelha de  bode assado (orelha de bode!!!), num simbolismo pragmático: o de ensinar as crianças a ouvir os mais velhos.

Óculos, cremes de proteção com filtro solar, cintos de segurança e... cadê os filtros psíquicos?

Nossas mentes estão entulhadas com lixos psíquicos de espécies deletérias e altamente contagiosas senão, mortíferas.

Selo de qualidade... você paga e compra produtos com selo de qualidade não é verdade? Mas e a sua vida é com selo de qualidade?  O quê? imagens mentais catastróficas e paralisantes? 

Mas você não é um técnico de alta  performance em sua área? mas...  não  sabe cuidar muito bem de sua vida... um incompetente em cuidar-se?

Você pensa, antes de ter uma reação? Como vai o seu individualismo X seu altruísmo?

Impõe a sua verdade goela abaixo? ou é capaz de um confronto direto e honesto? Como? Compreendo...  um segregador legalista? 

Não... não... um guerreiro que luta pela causa humana?

Não está conseguindo ser um gestor de seu psiquismo? Para onde foi, ou onde está a sua resiliência? Não está conseguindo superar com graça os reveses da vida?

Bem, você pode e deve buscar algo que estimule a sua intuição, solidariedade é um início interessante, sabia? Generosidade também, e quem sabe uma boa dose de tolerância vai te fazer muito bem.

Quiçá, a tal da tão propalada, decantada, cantada em prosa e verso, a famosa empatia?

Humm!!! Qual será o seu dever de casa? Exercitar a serenidade? Acertei?

Nosso córtex cerebral é extremamente seletivo e estresse constante vai roubar sua alegria.

Dominamos aviões, carros velozes, computadores, mas será que dominamos a nossa mente?

O que tem perturbado a sua serenidade? Preocupações infundadas ou acontecimentos realmente catastróficos?

Escravo de impulsos? Excesso de fraquezas? Desnuda e fere o próximo? Tudo que vem à cabeça você expressa para os quatro ventos? Se assim for sua empresa psíquica está falida ou trabalhando no vermelho.

Falimos por dores inexplicáveis, cansaços irrecuperáveis, excessos de incertezas e por fim, quem se preocupa com a contabilidade da sua qualidade de vida?

Somos humanos, naturalmente e ilogicamente imprevisíveis, contraditórios e paradoxais em nossa singularidade diante da vida.

Você é terrivelmente matemático? Olhe bem, é possível que você ainda não  sabe,  o que é o amor? Pois esse sentimento às vezes é tão ilógico, que transcende os estreitos limites de nossa frágil humanidade.

Comportamo-nos como killers emocionais, matamos, enforcamos e jogamos fora os nossos sentimentos mais nobres, e o que acontece? 

Adoecemos...

E você já sabe, doença barra e bloqueia respostas coerentes diante da vida.

O amor nasce da admiração, sabia? As imagens que são processadas e armazenadas no córtex cerebral, promovem uma interpretação bem individualizada, subjetiva, e então poderemos ver o outro em sua plenitude e dentro de nossa lógica humana, concebível e engenhosamente assombrosa.

É por tudo isso que quando observamos os atos de um serial killer, não dimensionamos o motivo dos mesmos, mas claramente percebemos que é um motivo psicológico mesmo, sem dúvida!

É por essas e outras é que nossas verdades não são únicas, poderíamos dizer que são verdades interpretativas, daí quantas e quantas vezes nos arrependemos de termos falado  e julgado o outro com severidade, além da conta?

Brigamos por banalidades, nos tensionamos por coisas pequenas e assim de forma tola,  ficamos a sofrer por conta de nossa estupidez.

Você é o seu próprio vilão? Qual é a sua zona de conflito?

Um tremendo killer da mente humana é o conformismo, a passividade diante de adversidades, não assumindo os riscos, enterrando talentos e jogando fora as oportunidades, sabotando-se, arrebentando a autoestima, e anulando-se afetiva e profissionalmente.

Perfeitos conformistas com desculpas mil, esculpidas em farrapos... “foi o destino”...

Vença sua paralisia, saia do casulo no tempo oportuno e ouse viver.
Outra janela killer é a auto-comisseração, a piedade de si mesmo, se sente impotente diante do palco da vida: “Nada dá certo para mim...”, vende uma imagem de um pobre coitado, negativista, deprimido, solitário, desafortunado e murmurador. Pare com isso!

Enfrente seus fantasmas internos, e se for o caso os externos também, rompa suas algemas e libere sua inteligência.
Você não é imutável ou é?

Não fique mimando e ninando as suas fragilidades, muito embora sejamos humanos imperfeitos, falíveis e mortais.

Mergulhe fundo, corra riscos, pois a própria vida é um contrato de riscos e tudo pode acontecer: ser roubado, traído, abandonado, assassinado, humilhado, enfim viver é correr riscos, é como andar nos trilhos de um trem prestes a passar, no entanto, nos humaniza, modifica a nossa forma de ser, interpretar, reagir diante de acontecimentos que desafiam nossas habilidades emocionais, sociais e intelectuais.

Crie vínculos afetivos, amistosos, saía da superfície, cresça, amadureça, seja produtivo e criativo, pois a mente humana de tão criativa que é, se não existe nenhum problema, o que ela faz? Os cria...

Pense, sinta, reflita, experimente, tente novamente, ouse, tenha coragem faça de novo, confronte se necessário for, mas com delicadeza, com elegância e bondade.

Redesenhe em sua mente novas imagens e possibilidades estratégicas e resgate sua sanidade, ficando em paz com a sua consciência.

Professores convivem com alunos que não suportam, mas deveriam tentar decifrar a tragédia pessoal camuflada no comportamento inadmissível, e assim preservar a saúde psíquica, impedindo o desenvolvimento de elevado grau de ansiedade por vivenciar um estilo de vida  que poderá tornar-se patológico.

Qual é o seu papel como professor? E como ser humano?  Então, pondere, se acalme, reflita, controle seus impulsos destrutivos, saia do caos e entre na esfera da compaixão, saindo da rota de colisão, modificando ou evitando o impacto  negativo de uma palavra, ato ou atitude  de retaliação.

Lembre-se, o seu comportamento, certamente terá consequências benéficas ou desastrosas, isto vai depender do tom e volume emocional eliciado pelo seu modo de reagir.

Humanize-se. Seja generoso, surpreenda o outro com um elogio ou alguma ação de motivação, busque a lucidez diante de uma provocação ou ameaça, e não superdimensione sua resposta em relação à afronta.

Geralmente é nos primeiros segundos diante de uma ameaça provocadora é que provavelmente cometeremos erros imperdoáveis, diremos palavras inconfessáveis e teremos gestos dos quais nos arrependeremos pelo resto de nossas vidas.

E por fim, você poderá acionar o seu raciocínio crítico, com coerência, brandura e serenidade.

Não seja um ditador em emitir respostas, às vezes o melhor é o silêncio que respeita a sua inteligência e preserva a sua individualidade.

Silêncio e tolerância diante da agressividade, fala de um STOP reflexivo, que expande níveis de resiliência, preservando a sua integridade emocional e reeditando suas habilidades pessoais.

Nunca aceite uma existência vazia de sentido, faça de cada segundo de sua vida uma experiência impagável.

Construa um DNA de excelência na sua profissão, nos relacionamentos, esculpindo com garra e caminhando além do esperado, sabendo voltar atrás, se ajustar ou corrigir seus erros.

Você é um ser fascinante, agente da sua história, portanto merece o melhor dos prêmios: a Vida!

Deijone do Vale
Neuropsicóloga.


domingo, 28 de setembro de 2014

Ampliando o Olhar sobre a Esquizofrenia “Diante de um Espelho Partido”



“O doente recusava-se a urinar, com medo de provocar um dilúvio.”
Sorano, 93 – 138 dC

Como poderemos separar o normal do patológico, considerando a personalidade do indivíduo?

Caráter?  Temperamento?  Comportamento, ações e atitudes?

Muito subjetivo, não é?  mas quando adentramos o mundo psicológico, neurológico e psiquiátrico, poderemos vislumbrar as conexões entre mente X cérebro, alma X espírito, e aí navegaremos em um universo quantitativo e qualitativo de sintomatologia multifacetadas e produzidas por uma disfunção específica que altera, transforma, modifica, escancara ou mascara  a realidade.

Anatomia? Fisiologia? Nada é excludente nesse processo, inclusive o ambiente, o contexto onde se desenvolve a cena, real e ou irreal, onde fantasia e realidade se fundem num painel que se mostra surpreendente em sua ruptura, e recepção dos processos neuronais, em regiões específicas que produzirão episódios psicóticos, como é o caso da esquizofrenia.

Essa doença intrigante e que vem acompanhada de prejuízos cognitivos, neurofisiológicos, funcionais, neuroquímicos e estruturais.

Fico imaginando, o que adormecido estava no genoma humano, e como foi despertado...  a ativação desses genes, que certamente possuem falhas específicas, que contribuem no surgimento da esquizofrenia.

Uma doença que consiste em um ataque profundo à afetividade, à volição, com manifestações de distúrbios intelectuais, impulsividade, agressividade e estereotipias amaneiradas.

Esse termo “Esquizofrenia” refere-se a uma “mente dividida”, sendo a interceptação do pensamento o sinal ou fator patognomônico da esquizofrenia, e um indescritível comprometimento na expressão dos afetos, pois aquilo que os chocava anteriormente, agora é motivo de divertimento e atitudes paradoxais e absurdas.

Isto não significa que o processo patológico destrua a afetividade, mas desestrutura sua exteriorização, organização e funcionalidade, resultando em uma antipatia ao comércio com o mundo, aparecendo sentimentos de indiferença e ou hostilidade, traduzida por manifestações verbais e motoras, ambivalentes e negativistas.

Podemos falar de um tripé sintomático, onde se manifestam os distúrbios: rigidez afetiva, ambivalência na representação mental dos sentimentos e autismo ou fuga pela interiorização, acompanhada de alucinações e processos delirantes, caracterizando assim, uma psicose manifesta através da tragédia emocional que se esconde ou se apresenta na conduta explícita.

Difícil não se especular em psicologia, no entanto, podemos verificar um contato empobrecido e desadaptado à realidade, isto é notório, quando observamos que existe uma redução ou exagero nos aspectos emocionais e afetivos, é como se houvesse uma perplexidade diante da vida, uma sensibilidade a fatos insignificantes, geradores de desconfiança e uma verdadeira transmutação em seus julgamentos, crenças e juízos.

A perda do contato vital com a realidade, característico da instalação de um processo de despersonalização, como no caso de risos imotivados, gestos e tiques extravagantes, maneirismos e estereotipias desconcertantes, indicadores da desagregação mental.

É comum encontrarmos condutas bizarras e excêntricas, sendo possível observarmos os suicídios sem desespero, fugas inexplicáveis e homicídios sem sentimentos de culpa ou remorso, oscilando entre agitação, puerilidade saltitante ou uma extrema anestesia e estupor nos gestos e ações delirantes.

Na psicopatologia esquizofrênica, as alterações do pensamento assumem um critério mágico, característico da mentalidade infantil, onde se nota a disfunção mental no conteúdo e na elaboração do pensamento, o que afeta notavelmente a sua expressão, sendo difícil entender o sentido da linguagem esquizofrênica, devido à falta de espontaneidade e excessiva rigidez no diálogo.

O pensamento esquizofrênico é extravagante e fragmentado, recheado de ideias delirantes, cuja temática gira em torno de ocorrências cósmicas, metafísicas, religiosas, místicas e eróticas, predominando complôs, e ideias persecutórias de conteúdo político ou sexual.

Preocupações descabidas evidenciam uma escassa racionalidade de suas criações ilógicas, revestidas de um caráter absurdo em termos de argumentação e autocrítica.

Observa-se um desacordo entre as ideias delirantes e o comportamento, por exemplo, acredita que desejam envenená-lo através da comida, no entanto come despreocupadamente sua refeição, ou diz ser uma famosa autoridade de outro país, enquanto se abaixa para apanhar no lixo um toco de cigarro.

Predominam distúrbios senso-perceptivo, sendo as alucinações mais psíquicas que sensorial, é como se fosse um estado onírico constante, onde o indivíduo se sente incapaz de fazer uma distinção clara entre sonho, fantasia e a realidade ambiental.

É comum a ocorrência de pseudo percepções auditivas e visuais, são mais raras as alucinações olfativas e gustativas, já as pseudo percepções motoras, ocorrem em uma parcela significativa da esquizofrenia catatônica (imobilidade ou agitação, ou seja, distúrbios psicomotores, tipo hipercinesia ou estupor, passível de posições estranhas, numa espécie de rigidez de cera) e muitos afirmam levitar, voar e realizar movimentos independentes de sua vontade.

Quanto às alucinações viscerais ou cinestésicas, comumente ocorrem na área genital, onde sentem manipulados em seus órgãos e delirantemente obrigados a relações sexuais anormais ou não, com seres que às vezes não conseguem identificar.

A linguagem esquizofrênica apresenta-se em alguns casos, misteriosa e obscura, outras vezes existe um tom pedante e rebuscado, indo da fala monossilábica à logorréia interminável ou mutismo encapsulado, este diferente da afasia, pois o paciente de repente resolve responder a uma pergunta ou interromper o seu silêncio.

Enfim, a linguagem é afetada por maneirismos, gestos ritualísticos, grunhidos de caráter individualizado e estranhos, indo do discurso incompreensível ao monólogo autista, com um colorido artificial e excêntrico, sendo muito comum o uso de neologismo e estereotipias verbais (verbigeração: repetição de frases ou palavras, por longos períodos), especialmente na forma catatônica.

Quando analisamos os desenhos de pacientes portadores de esquizofrenia, verificamos uma riqueza de simbolismos e um estilo repetitivo de temas geométricos, que lembra o cubismo, com elementos desagregados pela justaposição arbitrária das partes, evidenciando o caráter mórbido da rigidez esquizofrênica.

No plano afetivo, verifica-se uma anestesia dos afetos, ou seja, uma dificuldade na expressão de suas emoções, sendo impenetrável evidenciarmos as causas da discordância entre sentimentos e ações, o que caracteriza a ambivalência (quer e não quer) e finalmente uma interiorização que o leva ao isolamento, indiferença, hostilidade, como se desconhecessem os  valores ético-morais, e assim adentram o mundo da marginalidade através de condutas criminosas.

Os pacientes esquizofrênicos de modo geral apresentam as extremidades frias, aquela mão desenergizada ao toque, dedos cianosados, coração com bradicardia, hipotensão, sialorréia (secreção excessiva de saliva) e profundas alterações endócrino-metabólicas.

A esquizofrenia acomete 1% da população mundial, sendo raro seu aparecimento antes dos 10 anos de idade ou após os 50 anos.

Ainda não podemos falar em cura, mas em melhoria dos sintomas, e em reabilitação, pois o tratamento visa reduzir e controlar sintomas com recidivas de novos surtos psicóticos.

Esta doença atinge todas as classes sociais e grupos humanos, mas é possível o tratamento, com acompanhamento médico-medicamentoso e abordagens terapêuticas de intervenção, como a psicoterapia, a terapia ocupacional, a intervenção familiar e psico educacional.

É uma doença que fragmenta a estrutura básica dos processos do pensamento, dificultando a distinção entre o que é parte do mundo interno e das experiências externas.

Importante se faz realizar um diagnóstico diferencial devido etiologia multifatorial, sendo necessário a exclusão de outras doenças ou condições que poderiam produzir sintomas psicóticos parecidos com a esquizofrenia, como tumores cerebrais, alterações  metabólicas, epilepsia e abuso de drogas.

A família é fundamental para um bom tratamento, reabilitação e reinserção social, esta deve se preparar, informar-se sobre recaídas e oferecer suporte através do reforço positivo, afeto e interesse.

Ficamos por aqui, e nesse momento me recordo da comunidade científica que tiveram como representantes magistrais, dois homens formidáveis: o inglês, Isaac Newton e o alemão, Albert Einstein e que foram rotulados por parecerem carregar uma “tendência esquizofrênica”, no entanto, proporcionaram para a humanidade as duas principais contribuições da física moderna: (Leis da Gravidade e a Teoria da Relatividade), tudo graças à genialidade e originalidade de suas mentes.



Deijone do Vale
Neuropsicóloga