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quarta-feira, 13 de março de 2013

SUICÍDIO – Uma Vida Interrompida



“Com a ajuda do espinho em meu pé, pulo mais alto do que qualquer um com pés sadios”
Kierkegaard




Você algum dia se perguntou porque as pessoas se matam?
Provavelmente já ouviu histórias trágicas, tristes, comoventes e chocantes.

Tudo isto nos reporta ao sentido da vida e como já disseram outros antes de mim, é preciso realizar  as grandes tarefas existenciais: viver no tempo, viver neste mundo, viver e conviver com outros... e com o radicalmente Outro: DEUS.

É bom quando vivemos em comunhão, é muito bom uma convivência amorosa e como sinalizou tão bem, Martin Buber, este grande pensador de nossa época, basta recordarmos a dimensão hermenêutica da sua obra sobre a Bíblia (traduziu a Bíblia para o alemão), sobre o Judaísmo, o que reforça o conceito de “relação”, o que ocorre entre seres humanos e entre o homem e Deus.

 


Martin Buber em seu livro EU E TU, fundamenta a experiência da responsabilidade como consciência, quando projetamos a nossa subjetividade na objetividade do outro e que por sua vez fundamenta objetivamente a nossa subjetividade.


Então? O que devemos ao outro?

O  termo, a palavra suicídio, vem do latim sui (próprio) e caedere (matar).

Desfontaines em 1737, definiu suicídio como Sui Caedere: matar a sí mesmo, e duzentos e tantos anos depois, especificamente em 1947, Deshaines, conceituou suicídio como a morte intencional de sí mesmo.

Se analisarmos o suicídio pelo paradigma psiquiátrico, poderíamos afirmar que todo sujeito quando suicida, sofre de alguma  enfermidade mental, pelo menos no momento em que comete tal ato.

Suicidou-se por quê?

Da perspectiva do paradigma psicológico, diríamos que fatores de cunho pessoal e motivações personalíssimas, conscientes ou inconscientes, são condições necessárias para o suicídio, assim como personalidades anormais e com temperamento impulsivo.

O que nos  chama a atenção em uma parcela significativa de suicidas  é o que consideramos “Erro Existencial”, que revela a consciência da significação ou direção da vida e consciência do fracasso.

Transtornos mentais e suicídio caminham de mãos dadas. A depressão responde por 50%  dos suicídios, o alcoolismo por 25%, esquizofrenia por 11%, transtornos de personalidade por 9% e sem transtornos mentais 5%.

O comportamento de ideação suicida está associado a uma visão negativista diante das vicissitudes da vida ou da impossibilidade em vislumbrar alternativas para conflitos internos, e a opção pela morte é a resposta do indivíduo.

Se compararmos o perfil  neuropsicológico de indivíduos portadores de Transtorno Limítrofe de Personalidade com os sujeitos que apresentam condutas suicidas  podemos observar uma alta correlação de impulsividade que atuam como marcadores para a predisposição ao suicídio.

Por exemplo, em sujeitos portadores de Personalidade Borderlaine, observa-se uma deterioração neuropsicológica dos domínios cognitivos dorsolateral, prefrontal e orbitofrontal, e estas deteriorações afetam as funções executivas, que por sua vez intervem e desequilibram a tomada de decisões racionais, promovendo rigidez cognitiva e comportamento auto-agressivo, sugerindo assim um substrato neurobiológico.

O dia em que ocorreu o suicídio, provavelmente  algum evento disparou o gatilho para o ato em sí.

É importante alertar sobre  a relação entre índices elevados de suicídio e número de  armas de fogo, ou seja, muitos portadores de armas, maior incidência de suicídios por armas de fogo, assim também fica o alerta para tentativas frustradas de suicídio, que podem ser consideradas um pedido de socorro e também um fator de risco, pois podem tentar novamente.

Quanto aos fatores de risco para o suicídio podemos afirmar que os transtornos psicológicos lideram a lista, em seguida abusos de substâncias como o álcool ou outras drogas, problemas de desestruturação (familiar, amorosa e financeira), poucas amizades, isolamento, planejamento suicída, desemprego, impulsividade, discriminação entre outros, tudo isso poderá provocar pensamentos e atos suicidas.

Segundo os especialistas em Suicidologia a prevenção do suicídio deve ser uma preocupação não apenas dos profissionais ligados a área da saúde, mas de toda a comunidade humana.

A intervenção em momentos críticos da ideação suicida deve promover o acompanhamento psicológico e psiquiátrico, assim como os cuidados da própria família, e até a internação em casos graves.

É importante monitorar as ações do individuo  retirar o acesso a armas de fogo, venenos e outros riscos ambientais.

Necessário se faz o acolhimento, o cuidado e os afetos, pois estas ações farão toda a diferença.

A intervenção é necessária,  é uma emergência, tanto psicológica como farmacológica, conforme o caso em questão.

É preciso coragem para se renovar e não deixar os sonhos se perderem.

É  preciso saber viver!



Deijone do Vale
Neuropsicóloga

3 comentários:

  1. É essencial ter uma vida produtiva, amar a família e ter amigos para compartilhar. E sobretudo ter fé em Deus, que por mais que as dificuldades desta vida pareçam insolúveis, existe um DEUS que está do nosso lado para nos confortar e ajudar.

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  2. É verdade Lídia, existe um Deus e Ele é o autor da vida.

    Um forte abraço,

    Deijone do Vale

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  3. Otimo artigo Deijone.
    É uma pena pensar que a cada dia, vemos o numero de suicídio aumentar.

    Abraço
    Ezequiel Alves

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