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segunda-feira, 31 de março de 2014

DEPRESSÃO: O Mal do Século... saindo da Caverna...



“O que vivo ensino...
      E o que ensino vivo...”
                                                          Deijone do Vale

Sabemos que a humanidade vive momentos de tensões exageradas, talvez superior à capacidade  funcional de adaptação do sistema nervoso central, ou seja, uma colisão dos processos físico-químicos, principalmente nos neurotransmissores: serotonina, noradrenalina e dopamina e nos processos psicológicos, gerando uma violência na sua realidade emocional, desestruturando o labirinto de suas defesas neuroquímicas e imunológicas, resultando em uma falência adaptativa tanto a nível fisiológico  como  emocional.

Enfim, uma somatória de fatores hereditários, congênitos, e que não excluem os fatores psicossociais e ambientais, que se complementam e estão em constante interação, processando nos indivíduos confrontos e crises, não apenas como fator causal, mas uma multiplicidade de interações que finalizam num caleidoscópio sintomático que por sua vez poderá desembocar em uma depressão, sendo comum o aparecimento de episódios de transtorno depressivo, que ocorrem após um estressor psicossocial severo, por exemplo, a violência urbana.

A depressão ocorre quando existe um mau funcionamento da química cerebral, numa associação íntima de sinais físicos e emocionais, que podem ser expressos na tríade: gastrite, dores musculares e enxaqueca.

Detectamos como sintomas emocionais: lentificação do raciocínio, alterações do ciclo cicardiano (dorme muito ou tem insônia), perda ou aumento do apetite, cansaço persistente e pensamentos com ideação suicida.

Depressão é a resultante de uma inibição globalizada do ser, onde o psiquismo está comprometido por pensamentos invasivos, que corroem a nobreza da mente humana: como memória, vontade, emoções, e a criatividade, descontrolando quimicamente o nosso cérebro.

A depressão é uma doença que pode acometer qualquer um de nós e em qualquer idade, uma doença que afeta pensamentos, comportamento, sentimentos e logicamente a saúde.

Ter uma depressão é como caminhar sobre um campo minado, dentro de um vale sombrio, cercado por despenhadeiros e abismos  imersos em uma densa névoa,  que nos impede de enxergar lá na frente.

A depressão é considerada uma desordem psiquiátrica que tem se tornado extremamente frequente e atinge o organismo no físico, no humor e nos pensamentos, e não aqueles momentos fugazes de angústia e melancolia que acontecem na vida de todos.

A depressão altera a maneira como nos relacionamos e percebemos o mundo, ela modifica a visão de mundo, das coisas à nossa volta e a forma como se manifestam e se expressam nossas emoções, tolhendo nossa disposição e o sentimento de alegria, prazer e sensação de bem estar.

Afeta terrivelmente sua relação consigo mesmo e com as outras pessoas, é uma doença afetiva ou do humor, não é um sinal de fraqueza que é superado através de uma bela viagem ou lugares diferentes, tirando férias ou passeando.

Depressão é uma condição duradoura, acompanhada de alguns fatores genéticos ou biológicos que podem explicar a maior vulnerabilidade de alguns indivíduos na esfera emocional: desânimo, tristeza, desgosto, apatia, medo, insegurança, isolamento, inércia e solidão entre outros.

Na esfera cognitiva o indivíduo passa a acreditar que  é o culpado por tudo o que lhe acontece: idéias de inferioridade, autopiedade, indignidade, vergonha, ressentimento, derrotismo, e auto acusação ou “dor moral”,  uma indescritível sensação  de impotência diante da vida.

Poderíamos dizer que a depressão é um quadro clínico identificado por um conjunto que permeia os processos bio-psico-social e espiritual e poucas experiências são tão dolorosas como a depressão.

Suas causas são multifatoriais, indo do histórico familiar, desde fatores genéticos, constitucionais, neuroquímicos, numa mistura heterogênea dos fatores sociais, psicológicos, ambientais (estresse e estilo de vida), aliados aos acontecimentos vitais: crises do ciclo vital, existencial (separações, divórcios), climatério (crises da meia-idade), crises de identidade, aposentadoria, falta de autonomia (limitações físicas e psicológicas), violência, isolamento, perdas (orgânicas, afetivas e sociais).

Os sintomas fisiológicos incluem a lentificação das atividades  físicas e mentais aliados à sentimentos de fracasso e pesar, sensação de desconforto  nos batimentos cardíacos, dificuldades de ordem digestivas e gastro-intestinais (constipação ou diarréias), dificuldades digestivas, e dores de cabeça.

O indivíduo perde o interesse em concluir o que inicia, fica irritadiço ou impaciente, não sente que vale a pena viver, chora facilmente e seus pensamentos são de auto-comiseração e desejo de morrer.

É paradoxal alguns sintomas que vão da letargia à inquietação, não conseguem ficar parado e é comum o desenvolvimento de fobias, preocupações somáticas, incapacidade e dificuldades em planejar o futuro e confrontar a própria finitude.

Importante ressaltar que a gravidade e o número destes sintomas variam de indivíduo para indivíduo e na mesma pessoa ao longo do tempo.

Se a culpa é sua? Não, não é, a depressão não ocorre por sua culpa, ela não é uma fraqueza e nem apenas uma sensação de “baixo astral” ou humor rebaixado, ela ocorre mesmo quando tudo parece estar indo muito bem.

Segundo estudos epidemiológicos a prevalência da depressão é maior em mulheres, sendo identificados fatores biológicos, ou seja, que diferem na estrutura e funções cerebrais (neurotransmissores, neuroendócrinos e circadianos), sendo também inegável a importância dos hormônios femininos (progesterona e estrógeno), na gênese dessa possível vulnerabilidade do sexo feminino.

A importância do estrógeno nos ritmos biológicos femininos (menstruação e menopausa), pode desestabilizar ou mesmo sensibilizar os mecanismos neurotransmissores, dos “relógios biológicos” e neuroendócrinos, promovendo vulnerabilidade cerebral devido às flutuações normais dos hormônios, e portanto, provocando transtornos cíclicos do humor.

Sabemos que os estrógenos são encontrados em várias áreas do cérebro e estimulam o crescimento dos processos neuronais e as conexões sinápticas com efeitos positivos sobre volume, conectividade e plasticidade dos neurônios.

Existem fatores de risco para a depressão, como uso de drogas, suporte emocional deficiente por apresentar poucas relações afetivas satisfatórias, baixo suporte social e os abusos físico ou sexual na infância.

O alerta é que busque ajuda, pois é comum as pessoas não procurarem tratamento para sua depressão, principalmente por não conhecerem os sintomas, dificuldades em solicitar ajuda, sentir-se culpadas e mesmo não saberem que existe tratamento.

Um passo significativo é aceitar que se está doente e necessita de suporte,  fale com seus familiares e procure o mais rápido possível ajuda especializada.

Existe tratamento sim e o tipo de tratamento depende da intensidade dos sintomas que a doença traz, considerando também o perfil do paciente em termos biológicos, psicológicos e sociais.

O tratamento poderá ser medicamentoso, com anti-depressivos que irão corrigir os desequilíbrios químicos do cérebro, e poderá haver necessidade de suporte psicológico no enfrentamento e na descoberta de novas formas de lidar com os problemas, entender a doença e evitar novas recaídas.

A psicoterapia pode ajudar a falar sobre si, suas relações e seus problemas.

Você poderá se surpreender ao encontrar novas formas de lidar com suas dificuldades.

Procure sair da caverna através da autonomia, da estimulação e para que isto ocorra, é necessário falar, fale sempre, ouça também, peça ajuda médica e psicológica.

Procure realizar alguma atividade física com orientação e tenha contatos sociais, pois estes são fontes de suporte na superação dos sintomas da depressão e aliados para uma melhor qualidade de vida.
Para muitos indivíduos que passam por situações estressantes, a fé é um grande suporte, é uma relação positiva que proporciona bem-estar e valorização da vida.

Bem, quero te dizer que você é como uma pérola valiosa, não importa em que ponto houve interrupção de seus sonhos e projetos, não deixe de comemorar suas pequenas vitórias e o primeiro passo para tratar e vencer a depressão é buscar ajuda.

Movimente-se... movimente-se... movimente-se...fale...fale...fale...não se cale...não se cale...não se cale...

Desabafe com pessoas que tem realmente um vínculo de confiança palpável.

Fale... não guarde! Afinal, a escolha será sempre sua...

Caverna? Morte? Vida plena? Saúde?

Diga para sua alma (mente, vontade e emoções): Desperta ó minha alma!!!  Saía da caverna.

Está escrito: ..."no princípio era o Verbo e o Verbo era Deus...”

Deijone do Vale
Neuropsicóloga

Ouça a música: “Esperança” ela alimentará a sua alma...


6 comentários:

  1. "Ainda que passamos pelo vale da sombra da morte ainda assim não temerei..."

    Quando passamos por Depressão sabemos oque essas palavras realmente significa Morremos em vida. Morrem nossos sonhos... morre nossa alegria... As cores desaparecem ficamos isolados de tudo e todos na verdade nos isolamos dentro de nós mesmos entramos numa Caverna e ficamos quietinhos queremos sair mas não temos forças...Mas todos nós seres humanos temos uma força dentro de nós mesmos a qual desconhecemos, mas ela está ali dentro de você... Deus nos deu o livre arbítrio o poder de escolha!!! Você escolhe sair da Caverna ou ficar na Caverna!

    Deijone você é uma grande Guerreira uma mulher que já passou pelo Vale da sombra da morte e saiu de varias cavernas.
    Você é um exemplo a ser seguido!

    Renata Grazielly

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  2. Muito penetrante e suave o artigo , como seria bom se nossa sociedade não estivesse tão doente e o pior de tudo se a mesma procurasse ajuda e assumisse sua debilidade , hoje vemos tantas atrocidades em nosso meio .
    Gosto da parte onde se fala não fale de seus problema para quem não pode te ajudar , a palavra de Deus fala que devemos confessar nossos pecados mais não vejo isso como ir no padre e ele te mandar fazer uma reza mais sim falar da dor que se sente tem tantos psicólogos no mercado , psiquiatras . Ou até mesmo aquela pessoa que você sabe que tem princípios e maturidade por que não tentarmos buscar ajuda para nossas angustias . A sociedade só se curará quando ver as suas chagas .
    ótimo artigo Drª Deijone
    ass.: vanessa morato

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  3. Hoje em dia é muito comum encontrarmos pessoas que sofrem ou já sofreram dessa terrível doença, devemos estar atentos a nós mesmos e orientar as pessoas no qual convivemos no dia-a-dia a buscar ajuda.

    Parabéns pelo artigo mamãe!

    Você é D+ Te Amo!

    Fabiano Vale

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  4. Depressão realmente a doença do século, como bem diz o artigo devido ao acúmulo de tarefas, sobrecargas. É preciso parar e pensar no que realmente vale a pena, escolher a melhor parte, aquela que não nos será tirada. O alimento da alma, do espírito, Deus é a saída sempre. Parabéns Deijone você traduz em palavras todo sentimento de angústia da depressão.

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  5. Todos estamos propícios a ser acometido desse Mal. Devemos ter consciencia dos nossos limites e saber a hora de refletir sobre circunstancias de nossa vida. Devemos viver com qualidade, acreditando que mesmo em meio a dificuldades da vida, com ajuda de Deus e das pessoas amadas, temos tudo para superar os obstáculos.

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  6. Querida Dê, mais um excelente artigo, como aprendemos com você minha querida!! É isto ai! Temos que ter fé(cuidar do espirito), temos que movimentar nosso corpo(Atividade Física), temos que movimentar nossa mente(Ler, estudar, praticar, orar), temos que cuidar de nossos pensamentos(pensar coisas boas e positivas), nós quem escolhemos a Cor que queremos dar a nossa VIDA!! É preciso ter Foco!! Força!! e Fé!!

    Um Beijo Grande
    Alê-Brasilia-DF

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