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quinta-feira, 13 de maio de 2021

O QUE A PANDEMIA ME ENSINOU: uma reflexão sobre o corpo, a alma e o espírito

 


             

  “A Oração não muda Deus, mas transforma aquele que ora.”

                                                                                                 (Kirkegard)

 

Oh! Que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

 

Como são belos os dias

Do despontar da existência!

- Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

O mar é – lago sereno

O céu é – um manto azulado,

O mundo – um sonho dourado

A vida um hino de amor!

                                         (Cassimiro de Abreu)

 

Este poema do saudoso poeta fluminense Cassimiro de Abreu é o retrato da minha infância na pequena cidade de Cristianópolis, cravada no coração do Brasil, aquelas tardes azuladas á sombra das laranjeiras, debaixo das mangueiras, em cima das jabuticabeiras, correndo  atrás das borboletas multicoloridas.

Eram  dias  serenos, olhar  os  frutos da terra, o cheiro do articum, os figos e pêssegos colhidos maduros, as pitangas, abacaxis e gabirobas do cerrado.

A pequena e singela igreja da praça, o meu primeiro amor, o córrego tranquilo do “Seu Isaías”, onde o meu amado Pr. Rev. Aristóteles de Freitas, me batizou aos doze anos de idade. Que doces saudades!

Hoje estamos no ano 2021, quanta diferença, tempo de pandemia, coronavírus,  quarentena,  isolamento social,  uso de máscaras, mortes no mundo inteiro pela COVID19, tempo de mudanças no ritmo da vida, tempo de reflexão e tempo de aprendizagem.

São muitas lições aprendidas nesse período de grandes perdas e muita aprendizagem, e mesmo diante da dor podemos descobrir novas possibilidades e potencialidades que nos impulsionam para a vida.

Deus está no topo da minha lista de prioridades, e minha maior segurança está nas suas promessas bíblicas, e na oração diária, onde encontro refrigério para o meu corpo (com seus instintos e sentidos), descanso para minha alma (mente, vontade e emoções) e paz em meu espírito (consciência, intuição e comunhão com Deus e com as pessoas).

Tempo de ajoelharmos diante de Deus e orarmos incessantemente e reconhecê-lo como aquele que nos justificou pela sua graça.

A Oração nos fortalece e nos direciona; e na Bíblia tem uma oração que faço diariamente, está no Livro de I Crônicas:4:10, conhecida como a Oração de Jabez (da descendência de Judá). Jabez orou: “Oh! Que me abençoes o Senhor, e me alargues as fronteiras, que seja comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição!” E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido.

A oração diária amplia nossos  limites, então abra seus lábios e clame vida, vida de Deus sobre você, sua casa e o mundo inteiro.

Ser abençoado por Deus é a nossa glória. Que me abençoes...

Benção significa a graça divina sobre nós, ter o seu favor sobre nossos dias, favor de um Deus ilimitado em poder, imensurável em misericórdia.

Você tem orado?

A oração é um estilo de vida, sem ela é impossível viver, orar deve ser a nossa primeiríssima opção em qualquer circunstância.

Se você está com dificuldades para orar, apenas fale do que está no seu coração, deixe fluir tudo aquilo que te amedronta, te inquieta, te entristece, pois o nosso Deus se importa, Ele se importa com a nossa dor, nossas fragilidades, angústias e medos. Sim, Ele se importa.

Vivemos em um tempo em que a vida tornou-se muito diferente e estranha, temos receio do contato humano, ficamos inseguros, nos sentimos solitários, mas  através da oração, podemos resgatar a fagulha divina que habita dentro de nós e assim incendiar o nosso coração na paz de Deus, que excede todo o conhecimento humano, como disse Martinho Lutero: “Ser um cristão sem oração é tão impossível quanto estar vivo sem respirar.”

Quantas desculpas inventamos para não orar: “não sei orar”; “tenho vergonha”; “não tive tempo”; “estou cansado e com sono”; “incredulidade”, e em  Mateus 26:3-41 está escrito: “vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.”

Devemos alimentar em nós o anseio pela oração,  e Cristo deve ser o nosso modelo. Jesus orou... e orou...  até a morte de cruz.

Quantas vezes usamos o nosso tempo em frente ao noticiário sensacionalista, nas redes sociais, e não em nosso quarto conversando com aquele que é o autor da vida e pode nos conceder sabedoria para agirmos com ousadia diante de um mundo caído.

A oração pode mudar a nossa história de vida, ela nos leva a um lugar seguro para nos abrigar dos ruídos desse mundo e de nossos próprios ruídos internos.

A oração é o exercício da fé, do bom combate, mesmo quando Deus parece estar em silêncio às nossas petições, o nosso coração deve se render aos seus cuidados e ao seu amor.

Subindo a montanha ou descendo ao vale, nosso olhar deve estar em Cristo, Ele é a nossa luz, Ele é o caminho, Ele é a verdade, Ele é a vida.

Neste momento a minha oração por você, é que se sinta renovado em sua mente, em suas forças físicas, e em sua consciência, e que possa vencer todas as forças malignas deste mundo, e que você possa expressar a glória de Deus, eliminando de seu falar toda palavra de incredulidade, desânimo, apatia e desesperança, e que de seus lábios fluam rios de águas vivas, através de palavras de vida, encorajamento, bênçãos e vitórias.

Comece hoje a viver ousadamente através da oração.

Nossa jornada não é solitária, Deus está no comando se você permitir, sendo assim, renove sua mente e sua energia vital, ouvindo a Palavra de Deus que irá lhe acrescentar alegria e paz ao seu coração, mesmo que as circunstâncias sejam desfavoráveis, se mantivermos o foco em Deus, seremos encorajados em ação e fé.

Nosso corpo físico também necessita de exercícios, o corpo precisa de movimento, é importante alguma atividade física que melhore seu condicionamento, seu equilíbrio, sua flexibilidade, concentração, sua mobilidade,  e lhe propicie prazer em praticar, uma vez que nossa saúde física e mental pode ser melhorada, pois os exercícios físicos dentro de nossos limites, proporciona prevenção de doenças cardíacas, promove sensações de bem estar,  ajuda na redução do colesterol, é coadjuvante na prevenção da depressão, melhora o processo respiratório, circulatório,  diminui o risco de diabetes, melhora a qualidade do sono, aumenta a auto-estima.

A inatividade física é um fator de risco para dores nas articulações devido sedentarismo e ganho de peso.

Nesse tempo de pandemia, desenvolvi o hábito de caminhar uma hora no corredor da garagem de casa, e enquanto caminhava comecei a recordar das minhas brincadeiras de infância, das músicas infantis, e de memória em memória fui resgatando as brincadeiras, os movimentos com o corpo e assim voltei a ser criança e adaptei movimentos enquanto caminhava, que me acrescentaram leveza, flexibilidade, graciosidade nos movimentos e muita alegria e descontração.

Segue a lista dos movimentos inspirados em minhas memórias de infância, para que você possa se

motivar e criar seus próprios movimentos, respeitando sua amplitude e seus limites;

01) Marchar: (Marcha soldado cabeça de papel, senão marchar direito vai preso por quartel....);
02) Cobra caninana: (Olha cobra caninana no terreiro da Sinhana (Sinhá Ana), movimento  serpenteando  enquanto anda em forma de “S”;
03) Estrelinha: abrindo e fechando as mãos e dedos em movimentos articulados enquanto caminha;
04) Voando como borboleta (com os braços abertos movimentando-os para cima e para baixo, em seu próprio rimo enquanto caminha);
05) Cirandando em círculos (Ciranda... cirandinha... vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar...);
06) Enrolando corda: Movimentando os braços em frente ao peito, como se enrolasse uma corda imaginária nos braços, em sentido horário e depois em sentido anti-horário;
07) Nadando de braçadas no ar: braçadas vigorosas ou lentas  (você decide o vigor das braçadas), no ar em quanto caminha como se estivesse nadando em uma piscina cheia de água (no caso de ar... hahah);
08) Empurrando uma parede invisível com as duas mãos enquanto caminha (Haja força...);
09) Cavando buraco de tatu (enquanto caminha vá cavando um buraco com ambas as mãos e braços em movimentos);

10) Asas de avião (planando... planando... movimentos com os braços e mãos, como se fosse um voo rasante);
11) Andando de costa (detrás para frente e de frente para trás, como se fosse uma cabra cega);
12) Batendo palmas  acima da cabeça (com os braços para cima enquanto caminha plat..plat...plat...);
13) Caminhando em seu  próprio  ritmo abraçada ao seu ombro (com os braços cruzados nos ombros e pode ir trocando os braços batendo levemente no peito);
14) Caminhe elevando os  ombros para  frente  depois jogando o ombro para trás e assim sucessivamente (ombros para frente... ombros para trás);
15) Caminhe girando os punhos com os braços para frente em sentido horário e em sentido anti-horário;
16) Andando com as mãos cruzadas atrás no pescoço, olhando para cima e depois olhando para baixo, forçando com as mãos cruzadas na nuca o movimento para cima e depois para baixo;
17) Passarinho voando (braços abertos nas laterais,  na altura dos ombros e  movimentos com a leveza de um pássaro (de baixo para cima e de cima para baixo);
18) Andando em zigue-zague e fazendo os passos de Charles Chapin com os pés para fora, depois para dentro;
19) Batendo martelo: punhos fechados em movimento dos braços de cima para baixo e de baixo para cima;
20) Batendo palmas debaixo de uma perna elevada e depois a outra perna elevada (bate palmas debaixo da perna e da outra, assim sucessivamente).

 

Todos esses movimentos são realizados enquanto você caminha, dentro do seu ritmo e repetindo indo e voltando conforme o tamanho do corredor de sua casa e de seu limite físico.


Sua  saúde merece um investimento, e pensando na continuidade e descontinuidade da vida, onde você se encontra?

 

Qual a sua capacidade energética para sustentar sua saúde e investir tempo praticando alguns movimentos que melhore seu equilíbrio, flexibilidade e mobilidade?

Movimente-se!

 

Temos um cérebro plástico, que modifica sempre em resposta aos desafios diários, um cérebro desenhado espetacularmente por um Deus maravilhoso, que lhe concedeu um seu cérebro dinâmico, moldado por experiências psicológicas e físicas, e isso significa que as experiências no ambiente em que vivemos vão afetar nosso cérebro em todas as etapas da vida, e a boa notícia é que podemos mudar quem somos  e  o que somos através do que ouvimos, vemos, dizemos e fazemos. Então, mãos à obra!

 

Podemos compor nossa própria melodia de vida, graças a essa plasticidade cerebral, que aprende e desenvolve novas habilidades e novas respostas às demandas da vida, adaptando-se, motivando-se, criando novas respostas, novos conceitos e novos comportamentos.

 

Assim, podemos afirmar seguramente que nossa plasticidade cerebral está  alicerçada, moldada,  esculpindo e modificando-se por nossas vivências psicológicas e experiências fisiológicas e espirituais.  Afinal somos seres  triúnos: corpo, alma e espírito.

 

A pandemia e consequentemente a quarentena, o distanciamento social, nos propicia a proximidade do “lar doce lar” da convivência inesperada com os membros da família que somente víamos em horários específicos,  e como isso tem afetado as relações de forma positiva ou de forma negativa.

 

A comunicação verbal e não verbal foi confrontada, ou está sendo confrontada? Os vínculos sacudidos, estreitados ou dilacerados?

 

Nesse questionamento de convivência das pessoas, vale lembrar que apenas os humanos possuem em seus cérebros regiões específicas para a linguagem, como as áreas de Broca (estrutura da linguagem) e a área de Wernicke (córtex de associação auditiva), para conversarmos, ouvirmos e interagirmos, daí o que as palavras ditas podem desencadear na convivência pandêmica entre os membros de uma família.

 

Palavras são fonte de vida e de morte. Como tem sido o seu convívio nessa pandemia?

 

A importância da expressão verbal e daquilo que falamos, de  como ouvimos e como expressamos nossas emoções, através de uma resposta verbal ou não verbal, e certamente teremos relatos estatísticos do índice de divórcio, boletins de ocorrência de agressões, violência na pandemia e pós pandemia.

 

Podemos pensar, repensar e nos posicionar o nosso “estar no mundo” e como estamos cuidando do outro e de nós mesmos.

 

O que você precisa mudar, fortalecer ou melhorar?

 

Quando você acorda, é importante observar o seu padrão de pensamento, isso terá influência impactante no seu dia a dia.

Ao se levantar, cuide de seu espírito, ore, agradeça, peça direcionamento a Deus, assim fortalecido espiritualmente, você já pode pensar em tomar um chá.

 

 Sugiro um chá de erva-cidreira, ou de baunilha. Melissa?  Hibisco?

Hortelã?  Sálvia?  Alecrim?  Jasmim?  Anis estrelado?  Canela?  Cravo?  Manjericão?  Erva-doce?  Valeriana?  Gengibre?  Camomila?

 

Enfim, temos um universo incrível de aromas deliciosos, afinal o chá já foi reconhecido como medicamento e ao longo do tempo a ciência vem confirmando suas propriedades medicinais, e parece que essa delícia foi documentada na China, especificamente no período da dinastia Han (206 a.C  a 220 d.C) e depois o chá se espalhou desembarcando nos quatro cantos do mundo.

Diz a história que foi o imperador chinês Shenung quem criou a agricultura, a medicina e descobriu o chá.

 

Se você não tem o hábito de tomar chá, sugiro que comece a apreciá-lo, porque ele certamente é um convite à harmonia entre as pessoas e nos conforta com sua simplicidade admirável. Que tal uma xícara bem quentinha de chá?

 

Vou te oferecer um receita deliciosa de chá de Erva-cidreira, maracujá e mel, eu a denominei de  “Sossega Leão”. Higienize bem um maracujá médio, retire a polpa e peneire para separar o suco e  descartar as sementes. Reserve. Leve a casca do maracujá cortada em pedaços para aferventar 5 minutos. Ferva 250 ml de água com 3 folhas longas de erva-cidreira, e bata no liquidificador juntamente  com a casca do maracujá aferventado, (erva-cidreira e casca do maracujá), coe, acrescente o suco do maracujá que foi reservado, adoce com 1 colher (sopa) de mel. Pode servir quente ou frio. É   calmante, vai te dar um sono.

 

Temos que construir nossa rotina (leitura, exercícios físicos, oração, sono, alimentação e trabalho), se houver planejamento tudo vai funcionar, é uma questão de prioridade, e não venha com desculpas de falta de tempo, se não está conseguindo é porque suas prioridades são outras.

 

Vivemos em uma geração que  realiza  harmonização facial, mas não prioriza a inteligência emocional, mostrando desequilíbrio psicológico em seu comportamento.

 

As mudanças devem ser construídas de dentro para fora, colocar em risco as  certezas absolutas, mudar é transformar a realidade rompendo com o óbvio que insistimos em perpetuar.

 

Nossas atitudes, posturas e comportamentos, querem permanecer no conforto da nuvem de algodão, como expressou o príncipe em - O Leopardo – Giusepp Tomasi –  O Cânone Ocidental: “Mudem tudo, mas  apenas  o  suficiente para manter tudo exatamente como está.”

 

E essa nossa reflexão deve ser paradigmática desses tempos de COVID19,  indo  nas  trilhas do que disse Rubem Alves nos idos do ano de 1991: “A branda  fala da morte não nos aterroriza por nos falar da morte. Ela nos aterroriza por falar da vida. Na verdade, a morte fala por si mesma.” 

 

Ela, a morte, sempre nos fala sobre aquilo que estamos fazendo com a própria  vida,  as perdas, os sonhos que não sonhamos, os riscos que não tomamos e os suicídios lentos que perpetuamos.

 

Ressignifique  sua história, autentique sua trajetória, aprofunde-se na experiência de viver, faça ajustes, rupturas e um constante movimento de transformação criativa.

 

Não seja um auto  sabotador,  cuide-se.  

Somos o reflexo daquilo que cultivamos na mente, em nossos corpos e expressamos através do comportamento.

 

Você é parte do universo, somos finitos, mas eternos na espiritualidade.

 

Graça e paz!

 

Dra. Deijone do Valle

Neuropsicóloga


5 comentários:

  1. Quanta sabedoria. Parabéns pelo artigo que muito me acrescentou. Deus continue derramando graça em sua vida.��

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  2. Lendo com carinho seu precioso artigo, pude perceber uma SAUDADE marcante, do tempo, que inevitavelmente,ficou para trás, né minha querida.
    Assim, resgatou as lembranças de sua memória afetiva, mostrando a importância de sua aplicação,na arte de bem viver, para o atual momento....tempo de mto desequilíbrio emocional, por causa da pandemia.
    Obrigada, pelas dicas e continue brilhando!!!
    Beijos da Lúcia Helena.

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  3. Sábias palavras Dra. Deijone ! Adorei e até mesmo me deu um toque no sentido de ressignificar meus caaminhos e minha vida .Aprender novamente como caminhar em direção ao nosso Pai , e me auto educar no sentido de fazer minhas orações .

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  4. Minha amiga Deijone saudades . Maravilhoso o seu artigo ; ler e refletir a vida é uma viagem no tempo. Li tomando um (chá de hortelã com gengibre e mel) e saboreando a sua leitura de grandes qualidades e ensinamentos. Vc é uma mulher abençoada por Deus . Sim temos que orar muito agora mais do que nunca e agradecer o nosso Grandioso Deus por tudo em nossas vidas . E orando que nos fortalecemos nosso espíritos e a Nosa fé .❤️🌟🌟🌟

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  5. Quanta sensibilidade e conhecimento nesse caminho para a luz! Ser de luz nato! Dra Deijone nós agraciando com esse texto belíssimo!

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